Poder de barganha está do lado do comprador no mercado imobiliário
O crédito imobiliário recuou 33% diante dos juros mais altos e da perda de confiança do consumidor. A queda nas vendas em 2015 derrubou a indústria da construção civil, após anos seguidos de valorização dos produtos lançados. Financiamentos mais caros e restritivos afastaram compradores, preocupados com o desemprego e a crescente inflação no país.
Em entrevista ao repórter Marcelo Mattos, o presidente do Secovi, Claudio Bernardes, descarta sinais para uma recuperação em 2016: “As perspectivas não são boas, a cada dia deteriora mais o panorama econômico do país e a questão institucional da política, que é a base para a questão econômica. Não se enxerga uma solução para curto prazo”. As instituições financeiras liberaram no ano passado R$ 75 bilhões para a aquisição e construção de imóveis com recursos da poupança.
O vice-presidente de Economia do Sinduscon, Eduardo Zaidan, ressalta que a instabilidade econômica afeta as decisões do setor, que são de longo prazo: “Construção civil é uma atividade de longo prazo, a incorporação então é de longuíssimo prazo. O ciclo da economia pode girar no meio desse prazo e inverter totalmente o que estava planejado lá na frente”.
O volume de imóveis financiados atingiu 341 mil unidades em 2015, uma queda de 36% na comparação com o ano anterior. O coordenador do Índice FipeZap, Eduardo Zylberstajn, avalia o momento em que os imóveis perderam para a inflação: “Durante muito tempo o mercado imobiliário estava muito bom para quem queria vender. Podia jogar o preço lá em cima e vendia fácil. Isso mudou e hoje o poder de barganha está do lado do comprador. Então a principal recomendação é de muita negociação”.
Investidores registraram perdas após a queda nos preços, o que explica o crescimento nas devoluções, 21% em São Paulo. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança prevê nova queda de 20% ao final deste ano.
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