Polícia civil vai ouvir testemunhas e sobreviventes do acidente

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2016 08h43
SP - ÔNIBUS/ACIDENTE/SP - CIDADES - Ônibus que tombou na Rodovia Mogi-Bertioga, no litoral de São Paulo, na noite de quarta-feira, 8. Segundo informações dos bombeiros e da Polícia Civil, 18 pessoas morreram, entre eles o motorista, e 31 ficaram feridas. O acidente ocorreu no km 84, entre Mogi das Cruzes e Bertioga. Ainda segundo informações dos bombeiros, o motorista perdeu o controle do veículo e colidiu de frente com um rochedo na pista contrária. A União do Litoral, proprietária do ônibus, informou que o tacógrafo do veículo registrou 41 Km/h no momento do acidente e que a máxima permitida na Rodovia é de 60 Km/h. 09/06/2016 - Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO Felipe Rau / Estadão Conteúdo Ônibus

 A polícia civil deve ouvir a partir desta sexta-feira (10) as testemunhas e sobreviventes de acidente de ônibus na Rodovia Mogi-Bertioga que deixou 18 mortos. A quinta-feira foi um dia de tristeza para os familiares dos universitários que esperavam o procedimento de liberação dos corpos no IML do Guarujá. O acidente ocorreu na noite de quarta, quando o coletivo da empresa União do Litoral ficou descontrolado no km 84 da Mogi-Bertioga.

O caseiro Romário Santos do Carmo perdeu o filho Rafael, de 18 anos, que ia voltar num outro ônibus, mas embarcou no veículo acidentado: “Um rapaz chamou para ele ir no outro e ele foi. Chegou depois da serra, me ligaram e falaram que tinha tido um acidente, que meu filho tinha falecido. O amigo dele chamou ele pra ir no outro ônibus e ele foi, ele e a namorada”. A maioria dos estudantes que estava dentro do ônibus era da Universidade de Mogi das Cruzes e saiam todos os dias da cidade de São Sebastião.

O ambulante Marcos Oliveira dos Santos, que perdeu a filha Gabriela, de 24 anos, diz que o motorista do ônibus era alvo de reclamações: “Todo mundo falou que ele ia cortando todo mundo, como ia andar com um monte de alunos?”.

O condutor do coletivo, Antônio Carlos da Silva, de 37 anos, também está entre as vítimas fatais. O irmão dele, o marinheiro Anderson Luiz Alves da Silva afirma que o Antônio jamais havia se envolvido em um acidente antes e defendeu a empresa: “Histórico nenhum de acidente, meu irmão nunca se acidentou, nem com carro, nem com ônibus. Era um motorista responsável, o ônibus era novo, passou por revisão, não tem o que dizer da empresa”. A União do Litoral diz que vai prestar toda a assistência às famílias, todas as vistorias estão em dia e que nunca teve um acidente em 25 anos.

O delegado titular de Bertioga, Fábio Pierry, não descarta nenhuma possibilidade, da falha humana à mecânica: “Existe o boato de desentendimento entre o motorista e estudantes, aparecem várias versões que não podemos atestar. Posso dizer que houve excesso de velocidade, mas não foi determinante para o acidente”.

O superintendente da polícia técnico-científica foi pessoalmente acompanhar os trabalhos de autópsia e liberação das vítimas. Ivan Dieb Miziara afirma que os parentes e familiares puderam identificar os corpos de maneira visual: “Quem conhecia tem toda a capacidade de reconhecer. Tem corpos que estão bastante machucados, mas nenhum deles não permite e identificação. Permite identificação visual”.

O prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi, afirma que o município vai dar toda a assistência às famílias das vítimas “A partir de agora estamos dando apoio com assistente social, psicólogos, trâmites funerários e velórios”. O prefeito disponibilizou espaços de esportes para os velórios das vítimas; foi decretado luto oficial de três dias.

O governador Geraldo Alckmin determinou o reforço de equipes do IML para a identificação dos corpos dos jovens mortos no acidente na Mogi-Bertioga: “Reforçamos todas as equipes no IML. Os casos mais graves nós estamos transferindo para São Paulo e três helicópteros foram colocado à disposição”. Alckmin acrescenta que os hospitais da capital seguem a disposição das equipes de socorro.

O pró-reitor da Universidade de Mogi das Cruzes, Cláudio Brito, promete dar assistência às vítimas apesar do serviço de fretado pertencer às prefeituras: “Geralmente eles vem de carro próprio ou fretados que eles pagam e dividem. Alguns pagam ônibus e alguns a prefeitura fornece, mas é uma coisa independente, na há participação da universidade nesse tipo de coisa”. Brito lembra que outras universidades da cidade também contavam com estudantes do litoral.

Durante a noite desta quinta-feira, a Universidade de Mogi das Cruzes foi palco de atos em memória dos estudantes que perderam as vidas no acidente.

Reportagem: Thiago Uberreich e Tiago Muniz

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