Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega é preso na 34ª fase da Lava Jato
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (22), a 34ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Arquivo X. Foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento. Em São Paulo são cumpridos nove mandados: dois de prisão e sete de busca e apreensão – desses, 6 na capital e um em Sorocaba. As ordens judiciais referem-se aos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e no Distrito Federal.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Policiais federais foram à casa do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Pinheiros, na zona sul de São Paulo, para cumprimento de mandado de prisão temporária e busca e apreensão. Segundo informações, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, já foi preso temporariamente no hospital Albert Einstein, onde acompanhava operação da esposa. A Polícia Federal disse em nota que a prisão ocorreu de forma discreta e total colaboração do investigado. (Veja a íntegra ao final do texto)
O advogado de Guido Mantega, Roberto Batochio, confirmou que o mandado de busca e apreensão veio de Curitiba.
Arquivo X
A 34ª fase investiga a contratação pela Petrobras de empresas para a construção de duas plataformas (p-67 e P70) para exploração de petróleo no pré-sal, as chamadas Floating Storage Offloanding.
Segundo a Polícia Federal, as empresas associaram-se na forma de consórcio para obtenção de contratos de construção das duas plataformas, mesmo que sem experiência, estrutura ou preparo. A associação ocorreu por meio de fraude do processo de licitação, corrupção de agentes públicos e repasse de recursos a agentes e partidos políticos, que eram responsáveis por indicações de cargos importantes da estatal.
O “X”, segundo a PF, faz referência ao grupo empresarial de Eike Batista, que tem como marca a colocação e repetição da letra em nomes de pessoas jurídicas integrantes do conglomerado empresarial.
Em depoimento ao Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).
Para operacionalizar o repasse, Eike Batista firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013 constatou-se a transferência de US$ 2,350 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.
33ª fase – “Resta Um”
No dia 02 de agosto, a PF cumpriu 32 mandados – um de prisão preventiva, dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva e 23 de busca e apreensão – na 33ª fase da Lava Jato, denominada Resta Um.
Foram cumpridas as ordens judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais.
O principal alvo foi a empreiteira Queiroz Galvão, que participou do cartel de empreiteiras que lesou a Petrobras. A empresa, terceira maior investigada da Lava Jato, teria repassado R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra (morto em 2014) para barrar investigações de CPI em 2009. A companhia seria a última das grandes empreiteiras que está sendo averiguada pela Lava Jato, por isso o nome da operação.
Prisão de Mantega – Nota PF
Sobre o cumprimento de mandados durante a 34ª fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal informa:
1 – Ao comparecer hoje, às 6hs, à residência do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, para o cumprimento de ordens judiciais, constatou-se que apenas o filho adolescente do investigado e uma empregada doméstica estavam presentes no local;
2 – Ao serem informados pelos ocupantes do apartamento que Mantega encontrava-se no Hospital Albert Einstein, a PF dirigiu-se ao local;
3 – Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício;
4 – De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca.
5 – Tanto no local da busca como no hospital, todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado.
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