Mundo vive uma Guerra Fria 2.0? Programa Ponto Final discute disputa entre China e EUA
Marcos Troyjo, ex presidente do banco dos Brics, fez um balanço comparativo entre a geopolítica do mundo pós-Segunda Guerra e a da atualidade
O programa JP Ponto Final, comandado por Claudio Dantas, diretor de jornalismo da Jovem Pan em Brasília, debateu neste sábado, 13, sobre a possível existência de uma segunda Guerra Fria na atualidade. Esta edição contou com a participação do economista e cientista social, Marcos Troyjo, que até 2023 era presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). A comparação com o período pós Segunda Guerra Mundial, quando houve uma tensão geopolítica entre as grandes potências da época, União Soviética e Estados Unidos com a China e os EUA, que hoje ocupam a liderança econômica mundial.
Sob o ponto de vista do historiador escocês, Niall Ferguson, o mundo está passando pela segunda Guerra Fria há cerca de cinco anos. Desta vez, o enfrentamento é de natureza ideológica e não visa apenas armas nucleares, como também inteligência artificial e computação quântica. “A República Popular da China tomou o lugar da União Soviética, os Estados Unidos ainda são a superpotência do mundo ocidental. E, como na primeira Guerra Fria, há certas implicações claras disso, porque essa é uma Guerra Fria de natureza ideológica. Xi Jinping deixa bem claro que é contra a democracia, é contra o Estado de direito, é contra a liberdade individual. Também é tecnológico, como a primeira Guerra Fria. É uma corrida não apenas por armas nucleares, embora seja isso, mas é também uma corrida em inteligência artificial e computação quântica, é geopolítica. Trata-se de regiões específicas, pontos críticos como Taiwan. E é econômica porque a China é uma economia muito maior do que a União Soviética jamais foi”, afirmou Ferguson.
Para Troyjo, os casos divergem pela relação de interdependência que existe agora. “Naquele momento (1947 a 1991), existia um jogo de soma-zero, como se o mundo fosse um tabuleiro e a vitória e o avanço de um determinado bloco, significava necessariamente a perda de espaço relativo ou a derrota do outro.” iniciou o economista. “Neste momento, em que os Estados Unidos e a China são, respectivamente, a primeira e a segunda maiores economias do mundo, o grau de interdependência e entrelaçamento é algo que a gente não viveu durante a Guerra Fria 1.0. Eu conversei uma vez com o Raghuram Rajan (Ex-governador do Banco de Reserva da Índia), e ele me dizia que tinha feito um estudo sobre as trocas comerciais entre os Estados Unidos e a União Soviética e trouxe esses números ao valor presente. Em 1979 as trocas comerciais entre os EUA e a URSS tiveram o seu maior número, cerca de 2 bilhões de dólares por ano. Hoje, o comércio entre EUA e China é de 2 bilhões de dólares por dia”, finalizou.
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