Damares Alves: Ministérios preparam ações para atender população em vulnerabilidade

  • Por Jovem Pan
  • 03/04/2020 17h13 - Atualizado em 03/04/2020 17h36
Wilson Dias/Agência Brasil Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares: "Toda a população de rua vai ser alcançada a partir da próxima semana"

O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, coordenado por Damares Alves, e o Ministério da Cidadania, que está sob o comando de Onyx Lorenzoni, preparam uma ação coordenada para atender a população de rua em meio à luta do país contra a pandemia do novo coronavírus.

Em entrevista exclusiva ao programa Pra Cima Deles, da Jovem Pan, a ministra esclareceu que os moradores de rua, que estão sob um risco de contágio muito grande, serão os maiores beneficiários de medidas que devem ser anunciadas já na próxima segunda-feira.

“Nos estamos há duas semanas juntos, trabalhando na articulação e preparação desta ação. O que posso adiantar é que será em parceria com instituições religiosas”, disse. “Eu não quero lotar as igrejas. Mas se cada igreja levar uma pessoa de rua, a gente já resolve o problema”, disse.

Damares, porém, preferiu aguardar pelo anúncio oficial da medida pelo ministro Lorenzoni, acompanhado do secretário Sérgio Queiroz. “Nessa ação, eu sou parceira coadjuvante”, esclareceu.

A ministra estima que a ação vai alcançar toda a população que precisa de assistência durante a crise sanitária. “O recurso já esta aportado, as iniciativas estão todas articuladas e coordenadas, toda a população de rua vai ser alcançada a partir da próxima semana, nas grandes e pequenas cidades.”

Os templos religiosos, inclusive, foram o centro de discussões quando os decretos contra aglomerações entraram em vigor nos estados e municípios. Segundo Damares, esses espaços, em algumas regiões do país, servem de ponto de acolhimento, portanto, não devem ser fechados.

“A gente pensa em grandes aglomerações, mas no interior da Amazônia, a mãe desesperada busca o padre ou o pastor na hora do desespero. Se tem um filho com um problemas mentais, não é um psiquiatra que está à disposição”, afirmou. “Se uma criança que tem um surto por causa de confinamento, é essa figura que essa mãe procura. Então o presidente Bolsonaro chegou a fazer com que os templos religiosos ficassem abertos, não para aglomeração, mas para pedidos de socorro, e os trouxe como atividade essencial.”

Damares contou que sua pasta está em contato com autoridades locais, prefeitos e governadores, para tentar reverter o quadro das proibições e revisar as normas.

Violência contra a mulher

A ministra comentou também o aumento no número de denúncias de casos de violência doméstica, principalmente contra a mulher, durante o período de isolamento social. Segundo dados do Ministério, recolhidos pelo Disque 100 e Ligue 180, o número de denúncias em março deste ano foi 9% maior ante janeiro.

“Em março, foram 260 mil chamadas, resultando em 30 mil denúncias. No Rio de Janeiro, o aumento foi de 50% porque a denúncia é feita pela internet em silêncio. O Ministério ainda usa o telefone”, contou.

A pasta vai lançar um aplicativo para que mulheres não precisem mais telefonar para denunciar abusos e agressões. A iniciativa é baseada em registros de países europeus, que também relataram aumento no número de casos com o confinamento por conta da Covid-19.

Ela aproveitou a entrevista para lembrar às mulheres que toda a rede de proteção montada para atender casos de violência continua funcionando mesmo em tempos de quarentena.

“O nosso papel é garantir que a rede está funcionando. Não fiquem desesperadas. Estamos usando todas as formas de comunicação para dizer que a rede de proteção está em pleno funcionamento. Estamos aqui para acolher, vamos proteger as mulheres. Elas não vão ficar na rua. Temos inclusive como tirá-las de casa, o poder público possui esse tipo de abrigo.”

Damares disse que já está conversando com o Ministério do Turismo para conseguir que hotéis e pousadas abriguem mulheres e crianças em situações de vulnerabilidade causadas pela violência doméstica. “Mulher brasileira, você não é obrigada a ficar nesse ciclo de violência por causa do coronavírus”, afirmou.

A ministra pediu atenção também à saúde emocional das famílias, principalmente das regiões mais carentes do Brasil e com crianças que possuem limitações físicas ou intelectuais, neste momento de isolamento. “Essas famílias já estão chegando a um limite de cansaço, stress e esgotamento. Precisamos nos preocupar com esse segmento. Hoje eu gravei vídeos e áudios direcionados a esse público. Imaginem uma família de seis pessoas morando em 40m², com um teto de amianto, no norte do país, aquele calor de 40ºC. Consegue imaginar essas famílias 24 horas dentro de casa?”, questionou.

“Nossas famílias estão chegando no esgotamento emocional muito grande. Vamos precisar pensar em campanhas de consolo, conforto. Estou apelando ao Brasil: vamos começar a compartilhar palavras de alegria, de ânimo. Aguenta mais um pouquinho, está acabando”, completou Damares.

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