Programa de construção de submarinos nucleares foi usado para repasses ilegais a militares e caixa 2 do PT

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2017 08h22
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Filippo Vicarelli/ Freeimages Dinheiro euro

O programa de construção de submarinos nucleares foi usado para desviar dinheiro para militares de alta patente e para o caixa 2 do PT. O esquema de corrupção no principal projeto militar do Brasil foi relatado por cinco executivos da Odebrecht.

Os desvios começaram com a empresa francesa escolhida para executar o projeto, que procurou a empreiteira para uma parceria.

A DCNS exigiu repasses ilegais ao representante dela no Brasil, o lobista José Amaro Ramos.

Os pagamentos chegaram a quase 40 milhões de euros e parte deste dinheiro foi para um militar aposentado de alta patente na Marinha.

De acordo com o executivo Luiz Eduardo Soares, a quantia era destinada ao Almirante Braga, que distribuía para as viúvas de ex-oficiais.

Outro militar foi beneficiado no esquema: o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, que está preso por corrupção desde julho de 2015.

A Odebrecht quis a assessoria técnica do almirante para a construção do submarino e pagou propina em troca disso.

O engenheiro Fábio Gandolfo disse, em delação premiada, que entregou pessoalmente R$ 1,2 bilhão à Othon. “Eu levava uma sacola, eram valores mais altos, da ordem de R$ 300 mil. Subia, batia um papo, entregava e ia embora”, contou.

Além de beneficiar militares da marinha, os desvios na construção do submarino abasteceram o caixa dois do PT.

O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Junior contou que o então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, cobrou o repasse ilegal.

BJ disse que decidiu não fazer o pagamento e avisou o presidente da construtora, que acabou fechando um novo acordo com os petistas.

Marcelo Odebrecht disse aos procuradores que o acerto com o PT só deu certo por causa de Antonio Pallocci: “e o Palocci passou a mensagem para Vaccari e esse assunto foi resolvido”.

Até o momento, já foram repassados nesta obra R$ 6 bilhões à Odebrecht, que integra o consórcio responsável pelo projeto.

A construção está em andamento e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos só deve ser concluído em 2027, de acordo com a Marinha.

Antonio Pallocci, João Vaccari Neto, o PT e a Marinha negam as irregularidades e afirmam que nenhum pagamento ilícito foi realizado.

*Informações do repórter Victor LaRegina

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