Qual foi o placar? Villa e Bolsonaro protagonizam debate intenso; confira
O estúdio do Jornal da Manhã recebeu, nesta terça-feira (23), o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para um debate com o jornalista Marco Antonio Villa sobre a situação do País, economia, política, relações internacionais, infraestrutura e outros pontos.
Em uma conversa intensa, ambos discutiram sobre diversos assuntos após o deputado aceitar a proposta de Villa de comparecer à rádio. Marco Antonio Villa e Jair Bolsonaro ficaram frente a frente no Jornal da Manhã por cerca de 45 minutos.
Confira abaixo pontos discutidos no debate entre Bolsonaro e Villa e os trechos da entrevista:
Candidatura à Presidência?
Bolsonaro foi direto: “não sou candidato. Pretendo, se o partido aceitar e se eu estiver preparado até lá.
Economia brasileira
“Vemos um Brasil aqui cheio de especialistas em economia e olha a situação em que estamos. Esse quadro cada vez mais nos leva ao fundo do poço. Vamos falar de Henrique Meirelles, que é o Neymar da economia. Se elegeu deputado federal em 2002 pelo PSDB, renunciou para ir ao Banco Central do PT. Logo depois, acabando esse trabalho, passou também como presidente do Conselho Consultivo da JBS e, atualmente, e ministro da Fazenda (…) Falar em economia é um montão de coisa agregada”, disse.
Bolsonaro saiu pela tangente em diversos pontos da entrevista e evitou entrar em detalhes dos questionamentos. Ele disse ainda não ser economista e relembrou cinco presidentes militares do Brasil que eram formados em Cavalaria, Infantaria e Artilharia, por exemplo. “Botaram o Brasil da 49ª para a 8ª economia do mundo”, defendeu.
Relações internacionais
Em outro ponto confuso, Bolsonaro critica desvios em obras importantes e diz que Brasil deveria ter negociado o Acordo Transpacífico: “temos que partir para o bilateralismo”.
“Não sou o Trump. Antes do Trump se eleger, o PSOL me colocava como parecido para me desqualificar e desqualificar o Trump também”, disse.
O deputado afirmou que um exemplo para o Brasil é o “tigre guarani”, o Paraguai. Ao ser questionado o motivo por ser o país vizinho, ele justificou: “Paraguai dado o seu tamanho cresce 6%”.
Ele contou ainda que foi para Israel e que há interesse em investimento no semiárido nordestino. “Nossa economia é voltada para o viés ideológico. Deixar de fazer negócio com Israel é outra questão. Eu estive lá, eles querem pregar a tecnologia no semiárido nordestino”.
Falta de conhecimento
Ao ser fortemente questionado sobre a política externa e o papel do Mercosul no Brasil, Bolsonaro tentou justificar uma falta de conhecimento em tais pontos: “quem faz a política externa? São alguns ministérios (…) Calma, quer que responda sobre saúde, educação? Você quer um salvador da pátria?”.
O comentarista Marco Antonio Villa destacou que era preciso um conhecimento do Brasil para ser um candidato à Presidência, ao que Bolsonaro prontamente respondeu: “Dilma tinha perfeito conhecimento? Lula também? Você não governa sozinho. Se governar sozinho você vai ser ditador”.
Bolsonaro, em explícita irritação questionou Marco Antonio Villa: “Você me lembra Apolinho, técnico de futebol. Entende tudo de futebol, que nem você entende tudo de Brasil. Você quer que entre em particularidades do Nafta? Quem vai tratar disso? Quem vai conhecer particularidades é o respectivo ministro daquela área. Você tem que ser que nem maestro. Daqui a pouco você vai dizer a cor da minha cueca aqui. De mim você sabe tudo?”.
Ditadura militar
“A crise que está vendo aí, parece que no Brasil perdeu-se a noção do direito de roubar. Não é que quero que saia matando todo mundo por aí, mas no período militar…”
Antes mesmo de terminar sua frase ele foi interrompido pelo comentarista da Jovem Pan, que relembrou que em período militar, a conversa desta terça-feira (23) não ocorreria.
Árduo defensor do regime militar, o deputado afirmou: “dizer que não tinha liberdade na época militar você está mentindo. Você não podia ir e vir no Brasil naquela época? Como não!”.
Na tentativa de reverter a situação, Bolsonaro quis saber a opinião do comentarista sobre a situação do País, se era ou não favorável à eleição direta: “povo não está cansado de votar? Eu quero que continue votando. O povo está cansado de votar e está nessa porcaria que está aí. Você defende eleição em 2018? Ou eleição direta?”.
Villa foi categórico: “defendo a Constituição”.
Educação no País
Em mais um ponto debatido, o deputado federal pelo PSC do Rio de Janeiro parabenizou a discussão da Base Nacional Comum Curricular feita pela Jovem Pan.
“Não adianta falar em [ensino] superior se você não tem base. Eu prestei concurso para a escola preparatória do Exército, passei na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras). Antes o professor tinha como exercer sua autoridade, até que chegou essa história de politicamente correto. Professores estão mais com medo de apanhar do que ensinar. 70% dos professores já foram agredidos física ou moralmente por alunos e pais de alunos. O que podemos esperar dessa juventude?”, disse.
Doação de R$ 200 mil da JBS
“Começaram as eleições de 2014. Me liga o presidente do meu partido [Ciro Nogueira, na época] e diz que vai botar R$ 300 mil na minha conta. Disse que tudo bem, mas que colocasse R$ 200 mil na minha conta e R$ 100 mil na do meu filho. Quando vi o nome da Friboi, perguntei se queriam extornar. Falei que ia para a Câmara dos Deputados, ia jogar R$ 200 mil e dizer que é dinheiro do povo, porque foi dinheiro que pegaram do PT para se coligar com o meu partido”, disse.
Bolsonaro alegou ainda que o dinheiro que entrou em sua conta foi do fundo partidário e que devolveu o dinheiro da Friboi. “A Friboi não colocou nada na minha conta, foi o partido”, explicou.
O dinheiro, sabidamente, veio do grupo JBS, pivô da atual crise política no Governo, mas o deputado insistiu que devolveu os R$ 200 mil ao partido e que outro valor igual foi depositado em sua conta, agora advindo do fundo partidário. “Eu aceito do fundo partidário. Dinheiro foi para outro deputado, porque o carimbo tinha que estar embaixo no papel”.
Questionado se o partido cometeu uma ilegalidade ao repassar dinheiro da JBS para sua campanha, Jair Bolsonaro concordou e perguntou: “você queria que fizesse o que naquela época?”.
“Você está armado?”
Ponto polêmico do debate. Questionado se era a favor de uma bomba atômica, Bolsonaro disse que não, que já teve esse pensamento quando era tenente, mas alegou: “é igual a uma arma na sua cintura”.
Imediatamente Marco Antonio Villa questiona: “você está armado?”
Bolsonaro não responde e ainda dispara: “e se eu tivesse? Eu tenho porte! Se eu tenho documento legal de porte de arma, é para usar. Sou capitão de artilharia. Você quer pagar para ver? No meu gabinete pergunta se estão armados. Você, Villa é favorável à política de desarmamento?”.
“Nem todo absolvido é inocente”
Em outro ponto sobre o campo de sua defesa, o militar, Bolsonaro falou sobre o papel das Forças Armadas em seu Governo e relembrou o caso de reportagem da Veja, em 1986, quando apareceu de farda, o que o regulamento militar não permite.
“Fui punido com 15 dias de prisão. Você reconhece que justiça tem que ser respeitada? Eu fui julgado e absolvido no STM (Superior Tribunal Militar)”, defendeu-se.
Villa então afirmou que nem todo absolvido é inocente, e Bolsonaro disparou em tom de deboche: “ah, então você é mio grávida, meio gay”.
O desafio
Marco Antonio Villa e Jair Bolsonaro ficaram frente a frente no Jornal da Manhã desta terça-feira (23), por cerca de 45 minutos.
O comentarista Jovem Pan desafiou o deputado do PSC a comparecer aos estúdios da rádio para um debate de ideias e opiniões, e para Bolsonaro, que se coloca como candidato à presidência do Brasil, discutir o futuro do País.
Bolsonaro aceitou, e o encontro aconteceu, ao vivo. Confira a entrevista completa:
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