Quanto antes for a infecção com zika vírus, maior é a influência sobre o feto
Uma pesquisa do Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz Paraná, encontrou pela primeira vez o RNA do vírus zika na placenta de uma gestante, o que gerou um aborto retido. A grávida teve sintomas da doença na sexta semana de gravidez e perdeu o filho na oitava semana. Segundo o Instituto Carlos Chagas, o vírus se utiliza das células de Hofbauer, que atuam na defesa do bebê, para alcançar o feto. A presença do zika na placenta aumenta a gravidade da situação, mas especialistas lembram que isso não acontece sempre.
O infectologista da Unifesp, Celso Granato, ressalta ao repórter Victor La Regina que a passagem do vírus pode se dar pelo sangue: “Essa passagem pode se dar pelo sangue e não obrigatoriamente tem que passar pela placenta. Isso é possível, pode acontecer e acrescenta uma informação”.
Além de revelar novas hipóteses da doença, o estudo mostra que a associação entre zika e microcefalia está próxima de ser confirmada cientificamente. O especialista em medicina fetal, Paulo Nowak, diz que a possibilidade de um aborto, provocado pelo vírus, é maior no primeiro trimestre de gravidez: “Quanto mais cedo o tempo de gravidez, costuma ser maior a influência da infecção sobre o feto. Nossa suspeita atual é que, nesses casos de microcefalia, são fetos infectadas no primeiro trimestre”. Paulo Nowak, assim como grande parte dos obstetras, avalia a descoberta do Instituto Oswaldo Cruz como já esperada.
Análises anteriores da Fiocruz tinham verificado a presença do vírus no líquido amniótico de duas gestantes da Paraíba.
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