Queda da inflação decorre da crise e não é motivo para comemorar, diz especialista
O IBGE apontou que a inflação oficial, medida pelo IPCA, perdeu força e encerrou fevereiro em 0,9%. Em doze meses, o índice acumulou 10,36%, muito acima do teto de 6,5% para a meta do Governo neste ano.
A coordenadora da pesquisa, Eulina Nunes dos Santos, afirmou que a recessão dá sinais de contenção no consumo de bens e serviços no País. Respondendo a Rodrigo Viga, ela diz que o dólar mais caro e impostos elevados ainda jogam os preços para o alto: “Como existem outros fatores que elevam alguns itens para cima, como o próprio câmbio e os impostos, talvez não se possa observar em todos os itens”.
O economista Fábio Romão acentua que os indicadores de dispersão indicam que o repasse da inflação passada continua no mercado. Ele explica que há um jogo de forças entre a indexação dos preços e a falta de dinheiro dos consumidores: “Você tem de um lado essa importante indexação e do outro essa fraqueza da atividade econômica que não chancela alguns reajustes, como por exemplo, a educação que subiu 5,9% e foi uma taxa praticamente igual a de fevereiro do ano passado”.
Já para o especialista em preços da PUC do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Cunha, é possível prever um cenário benigno para a queda do IPCA nos próximos meses, apesar de ainda trabalhar com números indigestos de destruição do poder de compra dos salários: “O número passou de 7,5% no final do ano para 7%, então ainda continua se mantendo a meta. Na verdade é uma desaceleração da inflação em função da recessão, da crise econômica, da incerteza política, da falta de perspectiva, ou seja, não é um número que a gente deva comemorar”. Cunha prevê a inflação abaixo de dois dígitos já na tabulação do mês de março. O especialista lembra que os próximos meses serão mais favoráveis para a oferta de alimentos in natura.
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