Exclusivo: Sálvio Spinola vê arbitragem despreparada para lidar com casos de racismo e revela maior erro da carreira

Ex-árbitro de futebol foi o entrevistado do podcast ‘Reis da Resenha’, do Grupo Jovem Pan, desta semana

  • Por Jovem Pan
  • 23/05/2023 11h52 - Atualizado em 23/05/2023 11h57
Reprodução/Jovem Pan Sálvio Spínola, ex-árbitro de futebol, concedeu entrevista ao podcast 'Reis da Resenha', do Grupo Jovem Pan Sálvio Spínola, ex-árbitro de futebol, concedeu entrevista ao podcast 'Reis da Resenha', do Grupo Jovem Pan

Sálvio Spinola foi o entrevistado do podcast “Reis da Resenha”, do Grupo Jovem Pan, nesta segunda-feira, 22. Em conversa com Mauro Beting e Vampeta, o ex-árbitro de futebol foi questionado sobre casos de racismo dentro do jogo, como o ocorrido contra Vinicius Júnior, no duelo entre Valencia e Real Madrid, no último domingo. Segundo o ex-juiz, os profissionais do apito não estão preparados para lidar com episódios como esse. “A arbitragem, no mundo, não está preparada para lidar com isso. Estou falando de racismo! Não está acostumada. Aqui no Brasil, nós podemos usar o caso do Aranha [ex-goleiro}, na Arena do Grêmio. Não foi o árbitro que protegeu o jogador. O Wilton Pereira Sampaio era o árbitro, mas ele não fez nada. É verdade que, naquela época, não se tinha tantos protocolos. Ainda assim, quem puniu o Grêmio foi o Tribunal. O árbitro não fez nada”, afirmou.

De acordo com uma nova regra da Fifa, a arbitragem deve paralisar a partida caso note a presença de atos discriminatórios no estádio. Após a interrupção, uma mensagem é preciso ser transmitida para que o público deixe de proferir cânticos preconceituosos. Se o recado não surtir efeito, o jogo é encerrado e os três pontos da partida vão para o time da vítima. Assim como no embate entre Valencia e Real Madrid, entretanto, a última etapa não costumar ser aplicada. Para Sálvio Spinola, a ordem de decretar o fim da partida não deveria ser do juiz. “Vou falar como ex-árbitro: a pior coisa para um juiz de futebol é não terminar um jogo. O árbitro que não termina uma partida não é bem visto. Isso mancha a carreira! Aí a Fifa pega e fala: ‘Eu tenho os três pontos para o árbitro. Termina o jogo’. Cara, eu vou terminar o jogo? É uma responsabilidade gigante para o árbitro. É uma responsabilidade que não deve ser do árbitro, mas do delegado da partida. É autoridade fora das quatro linhas!”, afirmou.

À Jovem Pan, Sálvio Spinola também contou qual foi um dos principais erros de sua carreira, que durou de 1996 a 2011. Para o atual comentarista, a falha ocorreu numa partida do CRB, onde ele não assinala um pênalti claro em Aloísio Chulapa. “Um dos maiores erros foi no Aloísio. Ele era a sensação do CRB, já estava no fim da carreira e era um jogo importante. Ele entra na área e dá uma pirueta tipo Daiane dos Santos [ex-ginasta]. Eu falo: ‘Levanta, cara. Está pensando que vai me enganar? Estou em cima da jogada’. Se alguém procurar no YouTube, o goleiro deu um rapa nele. Foi pênalti nota mil!”, relembrou. Assista ao lance abaixo.

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