Resultado do TSE revolta especialistas: “deprimente”, “encenação”,”decepção”

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2017 13h19 - Atualizado em 28/06/2017 23h57
-FOTODELDIA- BRA117. BRASILIA (BRASIL), 06/06/2017.- El presidente del Tribunal Superior Electoral, Gilma Mendes (3d), preside una audiencia parte del proceso contra Dilma Rousseff y Michel Temer hoy, martes 6 de junio de 2017, en Brasilia (Brasil). El Tribunal Superior Electoral de Brasil retomó hoy el proceso que decidirá si la campaña que Dilma Rousseff y Michel Temer compartieron en 2014 fue financiada con dinero de la corrupción, lo que pudiera desalojar del poder al actual mandatario. EFE/Joédson Alves EFE/Joédson Alves Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julga cassação da chapa Dilma-Temer

O julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral na última semana repercutiu de forma bastante negativa na população brasileira. Não por menos. Diante de tantos fatos que provavam as irregularidades na campanha presidencial de 2014, a absolvição da chapa gerou revolta.

No Jornal da Manhã deste sábado, especialistas na área de política e jurídica analisaram os fatos marcantes do TSE e também a recusa do presidente Michel Temer de responder às perguntas do interrogatório da Polícia Federal.

De acordo com o cientista político e sócio-diretor da Augurium Consultoria, Bolívar Lamounier, a vitória do presidente foi sofrida, triste e constrangedora. Para ele, um tribunal que nunca teve uma grande legitimidade, sai ainda mais diminuído depois desse episódio.

“Um espetáculo deprimente. (O TSE) Ele fez de tudo para preservar o presidente, pra não levar uma ruptura, que exigisse uma eleição na Câmara. Agora, o panorama, do ponto de vista político de mais longo prazo, eu acho que nós vamos ter uma pedreira daqui até a eleição de 18. O presidente também fica enfraquecido com delações, acusações; o Congresso também não está numa fase boa”, disse.

Para o professor de Direito e coordenador do projeto “Supremo em pauta” da FGV, Rubens Glezer, as pessoas ficaram “desapontadas com o que viram no TSE. Ele lembrou a tentativa do ministro relator, Herman Benjamin, de achar contradições, falhas lógicas e erros na campanha, mas sem sucesso. “Na real, parecia que isso não importava. Era um jogo jogado e o resto era encenação”.

O professor titular do departamento de Ciência Política da USP, José Álvaro Moisés, segue a mesma linha e considera que o resultado cria uma decepção muito grande entre os eleitores brasileiros com o funcionamento da Justiça Eleitoral.

“Havia uma abundância de provas, de informações de que houve abuso de poder econômico e político na campanha de 2014 e o Tribubal, como o ministro Herman Benjamin mencionou, a maioria do Tribunal resolveu operar como ‘coveiro das provas vivas'”, apontou Moisés.

Interrogatório da PF

Outra notícia também caiu com bastante impacto na imprensa brasileira. A recusa do presidente Michel Temer de responder às perguntas da Polícia Federal. Na visão do professor de Direito, quem sai perdendo por deixar de dar explicações é o próprio peemedebista. “O que a Presidência fez ao não responder as perguntas da PF, foi abrir mão de se defender sobre aquilo”, cravou Glezer.

Para o cientista político da USP, a situação chama a atenção para o fato de que a nossa crise ultrapassa a econômica e política. Segundo ele, temos um grande problema de liderança no governo Michel Temer e a opção dele de não responder à Polícia Federal é grave.

“(Temer) Se recusou a responder as perguntas da PF, o que é uma coisa grave, porque é uma indicação de que alguém que tem muita autoridade não respeita a lei que nos torna todos iguais, e que levaria qualquer pessoa a ter que responder às autoridades. Se a Polícia Federal levantou uma série de questões, faz parte do inquérito, não corresponde ao presidente da República se recursar a responder. Nesse contexto, eu acho que o governo vai continuar sangrando”, afirmou Moisés.

Confira nos áudios a íntegra das entrevistas de Bolívar Lamounier, Rubens Glezer e José Álvaro Moisés no Jornal da Manhã deste sábado.

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