Reunião que definiria rompimento do PMDB com o governo é cancelada
A distribuição de ministérios esvaziou o congresso do PMDB, que pretendia marcar o rompimento do partido com o governo Dilma Rousseff. A ala oposicionista se revoltou com o cancelamento do encontro, agendado para novembro, com o objetivo de discutir o futuro da legenda em 2018.
O presidente do PMDB da Bahia, Geddel Vieira Lima, afirma que os ministros Henrique Eduardo Alves e Eduardo Braga transformaram o partido em uma agência de emprego: “O que eu estou lamentando agora é que, pessoas que parecem que usaram o PMDB para conseguir empregos no governo, queiram ser mais realistas do que o rei. Se fosse o presidente Lula poderia criticar a política econômica, fazer debate, pedir demissão de ministros e a dar a declaração que quiser. Tem pessoas do PMDB que tem empregos no governo e ministérios que nem isso querem debater. Querem prestar mais serviço para o governo do que o próprio PT”.
Lideranças da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul cobraram Michel Temer pela realização do congresso. O vice-presidente teria se comprometido a realizá-lo em 17 de novembro e agora o grupo ligado ao governo pretende esvaziar o encontro ou impedi-lo.
A justificativa para o cancelamento passa pelas incertezas em torno do futuro do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do processo de impeachment de Dilma.
O cientista político Gaudêncio Torquato diz que o PMDB é uma conferência de caciques e que nem todos foram agraciados pelo governo: “O momento é muito tenso na área política com essa possibilidade do STF indiciar o presidente da Casa e com as contas na Suíça que foram divulgadas. O partido fica todo tensionado, nervoso”.
A ala governista quer empurrar o debate para março de 2016, quando o PMDB festejará em uma convenção nacional seu aniversário de 50 anos.
O grupo pretende retirar a densidade política do encontro e reduzir drasticamente os 4 mil participantes inicialmente previstos.
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