Ricupero defende corte de 1 p.p. na taxa Selic e diz que economia ainda está na UTI
Em entrevista exclusiva a Denise Campos de Toledo, o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero afirmou que a economia brasileira ainda está na UTI e defendeu um corte mais expressivo da taxa básica de juros, a Selic.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central realiza nesta semana mais uma reunião que pode definir um corte na taxa básica. A expectativa do mercado é de que o corte seja de 0,75 p.p. Ricupero, no entanto, quer uma taxa maior para a retomada da economia.
“A expectativa é de um corte que eu desejaria que fosse bem mais expressivo que 0,75 p.p. Eu acho que deve ser de 100 pontos ou se possível bem mais. É preciso dizer verdade que ninguém diz é que ate agora não houve redução dos juros reais da economia”, disse.
Segundo ele, o que realmente conta são os juros reais. Ou seja, é preciso pegar a taxa Selic e deduzir dela a taxa de inflação. Quando a inflação cai de forma acelerada, o BC não consegue reduzir a taxa Selic de forma igualmente veloz. Quando isso não ocorre, o que se tem, segundo o ex-ministro, é um aumento da taxa real de juros.
Rubens Ricupero defendeu então uma periodicidade maior entre as reuniões do Copom, de modo que o comitê acompanhe a queda de juros. “Isso daria tempo ao Banco Central, caso se note uma inversão, de se adaptar. É a sintonia fina. Nossa economia ainda não saiu da UTI. Quando você está na UTI os médicos e enfermeiros veem a cada momento seus sinais vitais. A medida que melhora ou piora você ajusta a medicação. Isso que se deve fazer e não adotar atitude como se estivesses bem”, comparou.
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