RJ perde chance de se tornar cidade mais acessível em ano de Paralimpíada

  • Por Jovem Pan
  • 20/07/2016 07h52
Reprodução/Facebook Fernando Fernandes - REP

Mesmo sendo palco da Paralimpíada, programada para começar em setembro, após os Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro não tem se empenhado para receber bem os cerca de sete mil atletas.

Todos são portadores de alguma deficiência e se preparam para superar os desafios dentro das quadras, dos campos e das piscinas brasileiras.

Mas fora dos centros olímpicos, faltam rampas, acessos adaptados, placas e cardápios em braile, especialmente nas áreas longe das óbvias, elencou o atleta Fernando Fernandes, paraplégico há sete anos e um dos destaques da canoagem do País.

“O Rio de Janeiro sempre foi uma cidade com muita dificuldade de mobilidade. Tem as acessibilidades nos lugares básicos como Leblon e Ipanema, mas sempre encontrei dificuldades em aeroportos e hotéis. Os Jogos vieram para isso”, avaliou.

Segundo o Datafolha, 63% dos brasileiros acreditam que o evento trará mais prejuízos do que benefícios. E metade dos entrevistados é contrária à realização do Jogos do Rio.

Para o arquiteto Mario Cezar da Silveira, especialista em acessibilidade, o Brasil perde a oportunidade de usar o evento à seu favor fazendo adequações, inclusive, para cumprir à legislação: “o Brasil ganha muita medalha, mas porque o atleta vê aquilo como única possibilidade. Ele chega na cidade dele e não é cidadão. Ele é herói porque ganhou medalha, anda em um carro de bombeiro, mas não consegue andar pela calçada da cidade. A questão que acho mais importante é o direito de ser cidadão”.

O Brasil é uma grande potência e teve seu melhor desempenho nas Paralimpíadas de Londres, quando ficou em sétimo lugar com 21 medalhas de ouro.

Agora o desafio é chegar à quarta posição no ranking liderado por Rússia, Estados Unidos e China.

Aliás, lá fora, o portador de deficiência é olhado com mais cuidado e incluído em políticas públicas sobre o tema. Do lado privado, dezenas de aplicativos de celular ajudam uma pessoa com mobilidade reduzida, por exemplo, a encontrar um restaurante, um parque ou um hotel acessível por perto.

No Brasil, está nascendo o BioMob, que recebe o apoio do laboratório Pfizer. Segundo um dos idealizadores, Rodrigo Credidio, a iniciativa segue a tendência de protagonismo de um deficiente: “é um movimento global das pessoas com deficiência quererem retomar seu espaço que, de certa forma, foi perdido”.

O Brasil tem mais de 45 milhões de pessoas que declararam ter ao menos um tipo de deficiência, o que corresponde a 23,9% da população do País.

*Informações da repórter Carolina Ercolin

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