Senador tucano defende que PSDB deixe o governo Temer
O PSDB está rachado e tem mais uma reunião nesta segunda-feira (12) para discutir a permanência ou não na base de apoio do governo de Michel Temer. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator da reforma trabalhista, é um dos que defendem a debandada tucana.
“Independente de vantagens ou desvantagens (para o PSDB, de ficar ou não no governo), as denúncias todas são devastadoras para o presidente da República”, disse Ferraço em entrevista exclusiva à Jovem Pan nesta manhã. “Nem tudo na política deve ser feito com pragmatismo”, afirmou o senador, em contraposição aos tucanos que defendem a permanência no governo em prol das reformas.
Para Ferraço, a “aliança com o governo deve ser em torno de uma agenda”, mas o presidente Temer perdeu as condições de tocar a pauta, uma vez que a todo momento responde novas acusações, como foi no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e como deve ser em breve com a apresentação de denúncia contra o presidente.
“Acho que o PSDB já deveria ter saído (do governo Temer). Essa é a tese que vou defender (na reunião do partido)”, garantiu Ferraço.
Reformas
Para o senador e relator da reforma trabalhista, as reformas econômicas proposta pelo governo Temer “absolutamente não” dependem da pessoa do presidente. “Na prática essas reformas são inadiáveis para que o setor público brasileiro e o Estado possam se justificar diante de seus contribuintes”, disse.
“O Estado brasileiro precisa ser reformado”, afirmou. “Precisamos superar toda essa fase em que nosso País foi liderado por um viés e uma facção ideológica”.
Aécio
O senador também defendeu o afastamento definitivo de Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB, que deixou provisoriamente a liderança da sigla após ser flagrado pedidno R$ 2 milhões a Joesley Batista e acusado de corrupção em inquérito.
“Considero que a manutenção do senador Aécio Neves na presidência do PSDB é insustentável”, afirmou Ferraço. “Creio que esse tema de eleições gerais do PSDB também estará em pauta hoje”, disse.
Imposto sindical
O relator da reforma trabalhista diz que o fim da contribuição sindical obrigatória é “um ponto inegociável”.
Ele acredita que Temer não vai negociar o fim da proposta para obter o apoio de sindicatos. “Eu não posso acreditar que o presidente da República vá dar esse tiro no pé”, disse Ferraço.
O relator diz que tem sindicato “também de empresário mal acostumado” e garante que o fim do imposto obrigatório reduza a importância das associações. “Os bons sindicatos terão a fidelidade de seus associados”, avalia.
TSE
O senador tucano classificou como “surreal” a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de não cassar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.
“Pela primeira vez eu vejo alguém ser absolvido pelo excesso de provas”, afirmou Ferraço.
Ele também criticou a existência da justiça eleitoral. “Somos um dos únicos países do mundo que têm justiça eleitoral”.
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