Senadores brasileiros vão à Venezuela para encontro com presos políticos

  • Por Jovem Pan
  • 16/06/2015 10h05
Agência Brasil Aloysio Nunes Ferreira

Reinaldo, uma comissão de senadores brasileiros disse que vai à Venezuela verificar a situação em que se encontram os presos políticos. Faz bem?

A Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida por Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), aprovou nesta segunda a ida de um grupo de senadores à Venezuela para verificar a situação dos presos políticos do país e para se encontrar com representantes da oposição. A ideia era que o grupo viajasse num avião da FAB. O gabinete de Aécio Neves (PSDB-MG), no entanto, informou que o governo de Nicolás Maduro havia negado autorização de pouso.

A aeronave foi solicitada ao ministro da Defesa, Jaques Wagner, por Aécio e por Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Wagner afirma que ainda não houve a negativa oficial de Caracas. Ao Estadão, Nunes disse que a delegação de senadores irá à Venezuela com ou sem a autorização de Maduro.

Segundo o senador paulista, caso se confirme mesmo a proibição de pouso de uma aeronave militar, “os senadores brasileiros irão de avião de carreira ou até de ônibus”. Para ele, “os direitos humanos são universais e não admitem negativas”. Entre as muitas pessoas presas em razão de protestos contra o governo, há três líderes da oposição: Leopoldo López, que está em greve de fome, Daniel Caballos e Antonio Ledezma.

O governo Dilma e o petismo, para não variar, têm um comportamento asqueroso diante da escalada ditatorial na Venezuela. Não é que se contente com o silêncio. Na semana passada, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o número dois do regime, Diosdado Cabello, não uma, mas duas vezes. Eles se encontraram na sede do Instituto Lula na noite do dia 9 e no dia 10. Além de ser notório pela truculência com que trata adversários, Cabello, que é presidente da Assembleia Nacional, é investigado nos EUA por tráfico de drogas. Leamsy Salazar, seu ex-chefe de segurança e que havia servido ao próprio Hugo Chávez por dez longos anos, acusa-o de ser o número um do narcotráfico na Venezuela.

Na semana passada, na Bélgica, durante a II Cúpula de Países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, Dilma rechaçou “quaisquer sanções” ao governo Maduro.

É um discurso que envergonha o nosso país. O Senado brasileiro faz bem em agir e tem de ser ainda mais duro. Tanto o Mercosul como a Unasul trazem em seus respectivos tratados de criação a chamada “cláusula democrática”. A Unasul dispõe de um protocolo que trata exclusivamente do assunto. Lá se pode ler que um país pode ser suspenso em caso de ruptura da ordem democrática, de violação da ordem constitucional ou de qualquer situação que ponha em risco o legítimo exercício do poder e a vigência dos valores e princípios democráticos.

Com um pouco mais de compostura, em vez de Dilma ir à Bélgica repudiar sanções à Venezuela, ela própria as estaria propondo no âmbito do Mercosul e da Unasul. Maduro prende, tortura e mata. E tem como fiador o governo do Brasil, que joga, assim, no lixo dois tratados.

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