Senadores evitam questionar testemunhas para manter prazo do impeachment

  • Por Jovem Pan
  • 16/06/2016 08h26
Edilson Rodrigues / Agência Senado Comissão especial de Impeachment 15/06

 Senadores governistas esvaziam comissão especial do impeachment diante de 40 testemunhas de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff. A estratégia pró-impeachment passa por evitar fazer perguntas para garantir a manutenção do prazo final no processo em agosto.

Nesta quarta-feira (15), o ex-secretário-adjunto da Secretaria de Orçamento Federal, Cilair de Abreu, negou qualquer irregularidade no governo Dilma. Na mesma linha, o ex-subsecretário de Orçamento e Administração do Ministério da Previdência, José Geraldo França Diniz, descartou crime.

O consultor jurídico do Ministério do Planejamento, Walter Baere de Araújo Filho, teve de falar como informante porque assistiu a defesa de Dilma na primeira etapa do processo. Ele garantiu que não houve nenhuma violação da lei orçamentária na emissão de créditos suplementares: “A execução financeira do orçamento ela é dinâmica, não é estanque. Tem que levar em conta princípios constitucionais, como da anuidade orçamentária, tem que levar em conta a dinâmica da elaboração de relatórios bimestrais, decretos de contingenciamento”.

A sessão mais uma vez foi marcada por embates e a senadora Simone Tebet (PMDB), questionou o constante discurso petista de golpe ao impeachment. Os petistas Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, assim como Vanessa Grazziotin (PCdoB), passaram a discutir com Ricardo Ferraço (PSDB).

Nessa semana, a defesa conseguiu no Supremo Tribunal Federal a realização de perícia nos decretos base do impeachment de Dilma Rousseff. O senador Humberto Costa (PT) reclama da pressa dos governistas no processo e a relaciona ao temor do avanço da Operação Lava Jato: “Quem faltou está perdendo uma boa oportunidade de ver a fragilidade dos pretextos que foram utilizados para afastar a presidente Dilma”.

A comissão do impeachment aprovou a dispensa da testemunha da defesa, Hipólito Gadelha Remígio, consultor de Orçamentos do Senado Federal.

O relator do processo, Antônio Anastasia (PSDB) disse que o depoente não tem dados sobre os fatos e que se enquadraria no perfil de especialista. Como outros especialistas foram dispensados, a testemunha também não poderia depor.

O senador Lindbergh Farias discordou da decisão e declarou que foi um desserviço do Senado: “Você tem o coordenador de uma perícia, que é para ser isenta, com esse tipo de postagem. Anti-PT, anti-esquerda, tire a camisa vermelha, e agora novamente nesse caso do Doutor Hipólito Gadelha? Eu encerro hoje a participação nessa comissão porque isso aqui está parecendo um tribunal de exceção”.

A comissão especial do impeachment se reúne novamente nesta quinta-feira, às 11 horas. Os senadores irão ouvir mais testemunhas da defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff.

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