Sobrevida de Cunha no mandato está atrelada à sua “não decisão”, diz especialista
Após uma semana de turbulência política, o presidente da Câmara dos Deputados resiste às pressões e faz, ao mesmo tempo, o jogo do governo e da oposição. Envolvido em denúncias de corrupção, Eduardo Cunha ainda tem apoio, não explícito, do PMDB. Nos bastidores de Brasília, o comentário é de que o partido, do vice Michel Temer, já teria se decidido em favor do impeachment de Dilma Rousseff.
O presidente da Câmara dos Deputados passou a semana negando a renúncia do comando da casa e garante que fez tudo o que podia pelo governo: “Todas as medidas do governo que foram votadas aqui foram até com muita celeridade. Se o governo não conseguiu é porque não tem uma base sólida. O presidente é apenas um coordenador dos trabalhos, um contador. Eu fui eleito para a Casa e aqui só cabe uma maneira de eu sair que é renunciar, e eu não vou renunciar. Aqueles que desejam a minha saída vão ter que esperar o fim do mandato para escolher outro”. Para agradar o governo, Eduardo Cunha, que pode aceitar o impeachment de Dilma Rousseff, já diz que só as pedaladas fiscais não sustentam o pedido.
O doutor em ciência política pela UNB, Leonardo Barreto, avalia que a estratégia do deputado é protelar uma decisão: “Se ele nega o pedido de impeachment, a oposição perde todo o compromisso que ainda tem com ele e talvez faça força para a sua perda de mandato. Se ele decide pelo impeachment, ele também perde a utilidade tanto para a oposição como para o governo”. Para Barreto, o presidente da Câmara vai ficar no cargo até quando interessar ao PMDB.
Já o professor da UNESP, Max Vicente, que é livre docente em história do Brasil, ressalta que Eduardo Cunha sabe manobrar para todos os lados: “Ele estas fazendo isso de uma maneira muito inteligente, tentando se salvar, ou costurar os fatos, minimizar as possíveis penalidades que poderiam repercutir sobre ele”. Vicente aponta que o momento mostra que cada político está preocupado com a própria sobrevivência.
Eduardo Cunha não renunciaria ao próprio mandato, já que sem foro privilegiado corre o risco de ser preso como cidadão comum.
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