Taxistas planejam lançar app próprio para não depender mais de outras empresas

  • Por Jovem Pan
  • 06/02/2017 07h25
Paulo Pinto / Fotos Públicas Táxis no Centro de São Paulo

A Jovem Pan antecipa um novo movimento no mercado conturbado de aplicativos para táxis e transporte individual. Os taxistas planejam lançar em breve a própria plataforma de corridas para que não dependam mais de outras empresas. Confira abaixo a reportagem completa de Tiago Muniz:

Marivaldo Joaquim de Azevedo se sente traído. Motorista de um dos milhares de táxis que circulam pelas ruas da capital paulista, nos últimos anos ele aderiu aos aplicativos para receber chamadas dos passageiros. No início, tudo ia razoavelmente bem.

Só que, com a entrada de programas como o Uber na praça, os sistemas antes dedicados apenas aos motoristas profissionais passaram a aceitar também amadores. Ou seja, na prática, passou a jogar o mesmo jogo do polêmico programa de caronas.

Marivaldo, então, passou a achar o negócio bem menos interessante e agora se queixa. “Eles cadastraram um monte de carro e nos traiu. Antigamente você para trabalhar de táxi não precisava de foto, trabalhava só pelo aplicativo. Os taxistas estão sofrendo agora”, disse.

Marivaldo é um dos quatro mil taxistas que já estão cadastrados para utilizar um novo aplicativo que está sendo desenvolvido por uma empresa especializada a pedido do próprio Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo.

O sistema, que ainda não teve o nome divulgado, deve ser lançado oficialmente em até quatro semanas e está sendo testado por um pequeno número de motoristas pelas ruas.

Apesar de estar sendo bancado pelo sindicato, a entidade garante que o aplicativo estará aberto para qualquer taxista, sindicalizado, ou não.

Uma diferença importante em relação aos aplicativos tradicionais é que o do sindicato promete cobrar apenas uma taxa mensal de R$ 39,00 dos taxistas, em vez de pegar um porcentual de cada corrida.

O assessor da presidência do Sindicato dos Taxistas Autônomos Giovanni Romano disse que essa renda estará totalmente separada das atividades sindicais: “nós fizemos assembleia que aprovou o modelo. O aplicativo tem contabilidade apartada do restante das contas do sindicato. Toda a receita do aplicativo é contabilizada em separado e revertida integralmente para o aplicativo”.
O dinheiro arrecadado deverá bancar a estrutura da central de atendimento do aplicativo e também a manutenção do sistema.

O diretor-geral da Autocab, empresa responsável por projetar a ferramenta, Alexandre Pasquini, prometeu que, além de descontos, o aplicativo também pretende fidelizar o passageiro. “E o nosso sistema permite trabalhar os passageiros reconhecendo. Ou seja, eu consigo separar blocos de passageiros e saberei quem baixou o aplicativo e nunca fez corridas, quem usa frequentemente”, disse.

O aplicativo promete uma forma diferente de gestão das questões relativas a descontos e outras políticas do aplicativo.

O sindicato disse que promoverá assembleias periódicas para decidir quais são os rumos que a plataforma deverá tomar. E essas votações estariam abertas apenas para os motoristas sindicalizados, mesmo com o sistema aceitando pessoas não filiadas a entidade.

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