Temer articula para derrubar denúncia e manter base de apoio no Congresso
O governo de Michel Temer respira após depoimento de Eduardo Cunha em Curitiba, enquanto se articula para barrar denúncia da Procuradoria-Geral da República. Nesta quarta-feira, o ex-presidente da Câmara afirmou à Polícia Federal que nunca colocou seu silêncio à venda, como foi dito por Joesley Batista.
Em depoimento, o empresário disse que pagou R$ 400 mil reais ao doleiro Lúcio Funaro para comprar o silêncio dele e de Cunha. O advogado do peemedebista, Rodrigo Sánchez Rios, afirma que a versão dada pelo dono da JBS foi completamente refutada.
“O (ex-)deputado ressaltou mais uma vez, de forma firme, que o silêncio dele nunca esteve à venda. Ou seja, nunca procuraram ele, nem o presidente Temer nem interlocutores próximos, para comprar o silêncio do (ex-)deputado”, disse Rios.
Enquanto isso, no Congresso Nacional, a base aliada se prepara para receber uma eventual denúncia do procurador-geral da República contra Temer. Rodrigo Janot pode apresentar na semana que vem as acusações contra o presidente, que estará em viagem oficial na Rússia e na Noruega.
A denúncia será encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
O deputado da base aliada, Carlos Marun, do PMDB, afirma que a acusação será recusada rapidamente pelos parlamentares:
“É uma denúncia que não tem a mínima chance de prosperar. Então não podemos perder tempo com isso. Quando ela chegar devemos simplesmente recusá-la”, disse Carlos Marun.
A oposição, por outro lado, acredita que a acusação irá mudar o clima favorável ao governo no Congresso Nacional.
O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini, avalia que a instabilidade vai começar a crescer, por causa da impopularidade do governo e da gravidade das denúncias. Para os petistas, os deputados devem avaliar se continuam no barco, ou ficam no barco enquanto ele “afunda”.
A ideia do governo Temer é conseguir um trâmite rápido na CCJ para evitar que esse caso atrapalhe a aprovação das reformas.
O relator do texto na comissão deverá ser da base aliada e, no plenário, o governo precisará de 172 votos para rejeitar a denúncia de Janot.
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