Temer quer pacificação política e promete mostrar “antes e depois” do Brasil
Em entrevista exclusiva, Michel Temer falou à Jovem Pan sobre os 41 dias de seu governo. O presidente interino afirmou que tem tomado as medidas necessárias ao País, independente da aprovação ou rejeição do impeachment de Dilma Rousseff no Senado. Temer disse que melhorias econômicas estão atreladas à pacificação política: “Essa interinidade acaba causando problemas, instabilidades, mas tenho me comportado como se fosse o presidente efetivado, pela razão de que o que está em pauta não é ser o presidente A ou B, o que está em pauta é o país. (…) Mesmo investidores estrangeiros tem me procurado, procurado ministros, mas perguntam o que vai acontecer em agosto. Eu ignoro o fato, agindo com ações que vão melhorar o país, mas as pessoas se angustiam com isso, esse aspecto político é importante. A economia está vinculada à pacificação política. Em agosto se acontecer o que se pode imaginar, a economia dará outro salto”.
Temer foi questionado se faria um pronunciamento sobre a situação que encontrou o país ao assumir o governo, e afirmou que tratará o assunto apenas após a confirmação do impeachment: “Eu tenho nesse momento falado bastante, mas vou esperar mais e, após a eventual efetivação, farei o pronunciamento sobre como encontramos o país. Não foi fácil, um déficit de R$ 96 bilhões que na verdade era de R$ 170 bilhões”. O presidente interino falou que tem trabalhado das 8h às 1h nesse período inicial de seu governo.
Com a aprovação de um teto para os gastos públicos e a negociação das dívidas dos estados, Temer ressalta a importância do bom relacionamento entre o executivo e o legislativo: “Hoje nós temos uma base muito consolidada no Congresso, base que há muito tempo não se verificava. (…) Essa base sólida está disposta a partilhar conosco a tentativa de tirar o país da crise. Quando nós apresentamos essa proposta do teto dos gastos, foi muito bem recebido”. Temer disse que com o “respiro” dado aos estados em relação às dívidas, ele espera que os governos busquem privatizações e a inciativa privada para recuperar a confiança e os investimentos.
Prisões no PMDB
Em sua delação, Sérgio Machado fala sobre um pacto para deter o avanço da Lava Jato envolvendo grandes nomes do PMDB e o próprio Michel Temer. Sobre o pedido de prisão emitido por Rodrigo Janot a José Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros, e o entendimento do ministro Teori Zavascki de que as prisões não fossem efetuadas, Temer diz respeitar as duas posições e reitera seu apoio à Lava Jato: “Tenho reiteradamente dito que, ao contrário de desprestigiar a Lava Lato, ela tem nosso apoio pessoal. Pessoal porque tenho muita convicção da importância de cada função do Estado. (…) Acho que o Janot fez o papel dele, claro que motivado pelo depoimento que estivera em suas mãos, e o Teori fez seu papel adequadamente, entendeu que não era caso de decretar a prisão”. Sobre os pedidos de impeachment de Rodrigo Janot, solicitados por Renan Calheiros, Temer diz ter a sensação de que não irão adiante. Temer acredita que, após a saída de três ministros do seu governo, nenhum outro deverá sair.
Programas Sociais
A oposição acusa o presidente interino de que ele irá extinguir ou não dar a devida importância aos programas sociais. Temer nega e diz que é preciso manter os programas enquanto existir pobreza extrema no País: “Há uma semana, anunciamos 75 mil bolsas de estudo para o FIES. Os programas sociais, enquanto tiver pobreza extrema no país, temos que mantê-los. (…) O Bruno Araújo, ministro das Cidades, quer lançar um cheque-reforma, de até R$ 5 mil, para as famílias razoavelmente pobres que querem reforma sua casa, ajustar o saneamento. Estamos lançando esse plano. São inverdades graves, eu não vou eliminar os programas sociais”.
Temer ainda falou sobre a política externa do País e sua intenção de ajudar a Venezuela, imersa em uma profunda crise: “Recentemente chamei o Serra e deliberamos sobre mandar remédios para o povo, com as angústias e agruras que o povo passa. Estamos providenciando, espero que a Venezuela não recuse, eles precisam de auxílio”.
Para o futuro próximo, Temer espera uma união política no País em prol do desenvolvimento: “Em primeiro lugar, que o povo se pacifique, houve uma separação entre brasileiros, com um relativo mal estar, certo ódio. Que os brasileiros, quando se dirigirem ao exterior, sejam recebidos como membros de um país do presente, não do futuro”.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.