Explorando a Chapada dos Veadeiros sob um novo olhar

  • Por Jovem Pan
  • 01/07/2018 15h24 - Atualizado em 01/07/2018 15h35
Luciano Garcia/Jovem Pan Luciano Garcia visitou a Chapada dos Veadeiros e traz as principais dicas do que visitar no local

O Turismo Jovem Pan traz, nesta semana, uma experiência enigmática pelo Centro-Oeste do Brasil. Venha conhecer a gastronomia, o misticismo e as belezas naturais que envolvem esse local com tanta história para contar.

Ouça o programa completo:

O programa Turismo, uma realização da Jovem Pan em parceria com a Revista Go Where, vai ao coração do Brasil. Nenhum lugar leva o turista tão longe como a Chapada dos Veadeiros. Um outro mundo, um outro planeta. Em meio a cachoeiras belíssimas, cânions, paredões de rocha e paisagens lunares, seus habitantes são pessoas muito tranquilas que abandonaram a vida estressante dos grandes centros para buscar aqui, contato com o infinito.

Vamos viajar hoje para a Chapada dos Veadeiros: uma jornada ao mundo da Lua mesmo.

Veja em imagens tiradas por Luciano Garcia os encantos da Chapada dos Veadeiros:

Alto Paraíso. Vale da Lua. Rio Cristal. Os nomes dizem muito do lugar. É comum se contar por aqui, que a Chapada dos Veadeiros em Goiás se destaca como um ponto brilhante no globo, em algumas fotos de satélite. Isso se daria porque a região fica sobre uma imensa placa de cristal de quartzo, a maior do continente.

Essa abundância de cristal em seu solo, segundo se diz, altera as emoções, pois os cristais funcionariam como canalizadores de energia.

Aqui também é onde passa o Paralelo 14, o mesmo que cruza Machu Picchu no Peru e outras cidades sagradas. Uns se dedicam à meditação, outros procuram discos voadores nos céus. Um lugar místico, em meio a uma das maravilhas da natureza.

Nosso primeiro dia de atividades na Chapada começa cedo. Após o café da manhã, somos levados vamos até a Fazenda São Bento, a cerca de 15km de distância de Alto Paraíso. No caminho, vemos, de longe o que parece ser uma nave espacial pousada. Mas é apenas um portal de entrada da cidade, numa rotatória, em estilo que segue o misticismo local.

Logo na entrada da fazenda o destaque é o exuberante flamboyant, que vale uma bela foto.

Aqui existem três cachoeiras, a Almécegas I, a Almécegas II e a São Bento. Elas formam cenários paradisíacos, com piscinas naturais. Fomos conhecer a Chapada no mês de novembro, onde há menos vazão de água, a temperatura está morna, tornando o banho mais agrádavel.

O acesso é fácil, por uma trilha de 1,5km. Chegando à cachoeira aprendemos um pouco sobre um dos animais símbolos do cerrado brasileiro: o lobo guará. Ao contrário do que muita gente pensa, ele não é feroz, como relatou o guia Deni Barbosa

A Almécegas 1 é de uma beleza ímpar, com vários fluxos de água descendo por seus 40 metros. Os blocos de rocha são de formato regular, lembram os degraus de uma grande escadaria. É a mais alta e fotogênica de todas, oferecendo ângulos em que pode contemplá-la por inteiro. Ela é muito procurada por quem gosta de fazer rapel, um tipo de descida de cachoeiras usando corda.

A Almécegas 2 é menor, no mesmo estilo, mas tem uma piscina maior, de oito metros.

Depois do lanche, a gente segue para a cachoeira São Bento. Ela tem um ótimo poço de mergulho e a dica aqui é se instalar confortavelmente numa rocha, em formato de sofá, e curtir uma energizante hidromassagem natural.

A Chapada dos Veadeiros é um lugar de imensa beleza natural, um verdadeiro santuário ecológico. São vários cânions rochosos, trilhas, cachoeiras e poços de águas cristalina, onde se pode sentir toda a força e energia do cerrado. Há cerca de 230 cachoeiras já catalogadas, sendo 30 delas abertas à visitação.

Na passagem para o terceiro milênio, quando os místicos acreditavam que o mundo ia acabar, poucos lugares no Brasil foram tão procurados quanto Alto Paraíso de Goiás, em plena Chapada dos Veadeiros. A Chapada seria uma rota de fuga, um lugar mágico que estaria a salvo do grande cataclismo anunciado.

Nome

O nome da chapada é devido a um habitante muito querido por aqui, o veado-campeiro. Querido, mas cada vez menos visto. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é reconhecido como Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO.

Mais cachoeiras

“Muralha”, “Franjas”, “Bujão” e “Parafuso” são os nomes das formidáveis quedas da Cataratas do Rio dos Couros. Aqui também tem maravilhosos poços para nadar.

Esse lugar é cinematográfico. As quedas chegam a 100 metros de altura. De todas elas a mais impressionante é a Cachoeira de São Vicente, com uma sequência de várias quedas d’água.

Histórias

Alto Paraíso também tem histórias extraordinárias. Como o dia em que a cidade foi cercada pelas onças! Foi esse caso surreal que o guia Soares contou numa das caminhadas pelas cachoeiras.

O próximo passeio é para conhecer os fabulosos Saltos do Rio Preto, com 120 metros de altura. Ali também fica a Cachoeira do Garimpão, com 80 metros.

Após uma hora de caminhada, a trilha começa a descer e já se pode ouvir, de longe, o ruído das águas caindo. É um barulho forte, que vai crescendo à medida em que nos aproximamos. E logo nos damos de cara com a primeira visão dos Saltos do Rio Preto.

Do mirante construído aqui dos Saltos do Rio Preto, pode-se ter uma panorâmica da sua grandiosidade, uma gigantesca massa d’água que cai de 120 metros com um estrondo ensurdecedor. Não dá para chegar à base, mas é um inesquecível espetáculo assistir tudo daqui..

No final da tarde, já retornando para a cidade, chegamos ao Vale da Lua, a atração mais visitada da Chapada.

A paisagem é mesmo lunar, lembrando crateras formadas pela erosão. A trilha até as piscinas é de grau médio, pois é preciso caminhar sobre as rochas.

A Serra do Segredo que se vê daqui, recebeu o nome na época dos Garimpeiros.

O Rio São Miguel, desde milhares de anos infiltrando-se pelas rochas, vem esculpindo, na extensão de um quilômetro, formas estranhíssimas, mas de extrema beleza.

Algumas, como conchas de tamanhos variados, são utilizadas pelos turistas para o banho em suas águas cristalinas.

No retorno, ainda dentro do Parque Nacional, outro cartão postal místico da Chapada: o Jardim de Maitreya. Segundo o Budismo, Maitreya é como será chamado o próximo Buda.

Em Alto Paraíso, basta caminhar sem rumo para encontrar aqui e ali uma igreja católica ao lado de um templo budista, um centro de ioga e meditação, espaços dedicados a diferentes tradições da Índia, movimento Hare Krishna e templos de ayahuasca.

Durante estes dias, no meio tempo entre as cachoeiras e o travesseiro, pude conhecer de perto a magia de Alto Paraíso, essa pequena cidade de oito mil habitantes envolta por muito mistério.

Um recinto em forma de gota com uma acústica absurdamente fabulosa. A Gota Satsom é um dos espaços místicos aberto ao público. O músico Tomás Aiê faz aqui um concerto de meditação.

Tomás largou a vida estressante de São Paulo para se dedicar aos concertos aqui na Chapada. Sinos Tibetanos, Monocórdio do Pitágoras, Flauta Caipira e Citar Indiano : são alguns dos instrumentos que ele extrai sons simultaneamente, proporcionando um momento de reflexão, muito profundo.

A culinária de Alto Paraíso vem da tradição dos escravos e garimpeiros.

No Rancho do “Seu” Valdomiro provo a deliciosa Matula, o prato mais tradicional daqui, uma espécie de feijoada feita com feijão branco, carne de porco, carne-de-sol, lingüiça, lombinho, açafrão-da-terra temperado com pimenta-verde, alho e cebola.

Alto Paraíso é daqueles lugares, que você acaba se apaixonando e que se pensar duas vezes… acaba não voltando pra casa. Quem me contou uma história assim foi a Dona Vera.

Mas a comida não agradou. Por isso ela resolveu abrir seu próprio restaurante.

Essa comidinha caseira, muito bem preparada pela dona Vera, no Zus Bistro hoje é disputada. Principalmente o risoto de gorgonzola com pera, que é delicioso.

No último dia de passeio, vamos às cachoeiras do Rio Cristal, distantes oito quilômetros da cidade. A maior delas é a a Véu de Noiva, que dá origem a piscinas e hidromassagens naturais. Podemos ainda contemplar o maravilhoso visual da Serra Geral, do Vale do Moinho e da Serra da Baliza.

É a nossa despedida da Chapada dos Veadeiros, que já começa a deixar saudade.

E nossa viagem de hoje fica por aqui. Um agradecimento especial ao Rodrigo Nakano, da Descubra Turismo, operadora que nos convidou à essa viagem. Eles possuem pacotes completos para a Chapada e também personalizam roteiros de acordo com a necessidade do viajante. O site é descubraturismo.com.br.

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