Vacina da dengue custará ao menos R$ 200 em clínicas particulares de SP
Cada dose da vacina da dengue, que deve chegar às clínicas particulares na semana que vem, custará, ao menos, R$ 200 e abastecerá, primeiramente, estabelecimentos paulistas. O valor, no entanto, dependerá da demanda e do custo de aplicação de cada local, já que o laboratório vai desembolsar até R$ 138 para comprar cada uma das três doses do tratamento da Sanofi Pausteur, que desenvolveu o medicamento.
As atendentes de clínicas e hospitais de São Paulo admitiram que a corrida dos pacientes já começou. “A gente sabe que, talvez, não é certeza ainda, pra próxima semana. Tem bastante procura. Fila eu não sei se vai ter, porque a gente acredita que vai ter que ser agendada essa vacina”, disse.
O custo Brasil pesa no preço da Dengvaxia, a primeira imunzação contra dengue disponível no país. Na Filipinas, por exemplo, o preço de cada dose sai por 70 reais, aproximadamente. Quase metade do oferecido às clínicas brasileiras, de acordo com a diretora médica do laboratório Sanofi Pasteur, Sheila Homsani.
“Pra parte pública, a informação que eu tenho é que a vacina foi vendida a € 20 cada dose. Mas isso na parte pública. No privado, isso não é regulado, então não dá pra comparar”, afirmou a diretora médica.
De acordo com o Ministério da Saúde, não há previsão para que a vacina seja adotada pelo Sistema Único de Saúde. Até agora, apenas o Estado do Paraná obtém, de fato, doses sendo aplicadas no país. O Governo comprou metade do estoque que o laboratório francês mantinha no Brasil e já iniciou a imunização nas áreas mais endêmicas da região.
Outros estados também demonstraram interesse em negociar o fornecimento, mas ainda não há nada fechado. Portanto, apenas quem está disposta a gastar terá acesso à vacina da dengue cuja eficácia é de 66% e é questionada por alguns especialistas. O público alvo também é restrito: apenas quem tiver entre 9 e 45 anos estará apto a se imunizar.
Para a infectologista Rosana Richtmann, do comitê de imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), é pouco provável que somente a vacinação em clínicas privadas traga um impacto significativo para a saúde pública.
“Por experiência com outras vacinas, eu não acredito que a vacinação da rede privada vá conseguir ter um impacto no resto da população. Você precisaria de uma cobertura muito elevada, que eu não acredito que vai acontecer, pra ter esse impacto”, disse Richtmann.
Segundo estudos do laboratório, o melhor custo-benefício para o Brasil seria vacinar brasileiros de 9 a 16 anos de idade. Além de reduzir o número de casos para 50%, a imunização nesta faixa etária poderia evitar mais de mil mortes longo de 5 anos, segundo o epidemiologista Denizar Viana.
“Isso seria factível, em termos de você dimensionar pensando no orçamento, com os benefícios que hoje são recomendados pela Organização Mundial de Saúde, que é a redução de 50% de mortalidade até 2020 e redução da morbidade da doença de 25% até 2020”, explicou Viana.
Os custos da doença no país podem chegar até U$ 1 bilhão e U$ 200 mil por ano ou R$ 4 bilhões, e levam em conta dinheiro gasto com médicos, exames e o impacto na queda de produtividade dos pacientes, que inclui falta ao trabalho.
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