Vencedor do Nobel da Paz causa confusão entre os parlamentares do Senado
O argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do prêmio Nobel da Paz de 1980, veio ao Brasil prestar solidariedade à presidente da república e protestar contra o impeachment. Após conversar com Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, Esquivel interrompeu a sessão no Senado, que estava sendo presidida por Paulo Paim (PT-RS).
O argentino foi alertado de que não poderia entrar em detalhes, mas mesmo assim falou em golpe de estado ao tratar da situação brasileira. A fala causou revolta entre senadores da oposição, que atacaram a permissão dada por Paulo Paim ao Nobel da Paz.
Um dos mais inflamados era o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) que classificou a situação como inaceitável: “Nós não podemos ser surpreendidos com essa montagem. Não foi por acaso que esse senhor veio aqui fazer esse pronunciamento. Se for querer achar que a mesa diretora vai ser palanque de PT está muito enganado. Nós não admitiremos isso. Eu nunca vi, em 22 anos de Congresso Nacional, as autoridades que nos visitam aqui, sem ter consentimento de todos os líderes, poderem usar o microfone para fazer qualquer pronunciamento”. O clima esquentou entre Caiado e Humberto Costa do PT, que queria interromper a fala do senador do DEM.
A oposição alega que o regimento não permite uma interrupção feita por alguém que não é senador. Paulo Paim defendeu a fala de Esquivel e disse que o alertou para não entrar na discussão interna brasileira: “Eu sou muito transparente e não consigo ir além da verdade, falei gentilmente a ele que não seria positivo que ele entrasse na polêmica interna”.
Após pressões, o senador Paulo Paim concordou em retirar das notas taquigráficas da sessão o termo golpe de estado. Adolfo Pérez Esquivel venceu o Nobel da Paz pela defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar argentina, de 1976 a 1983.
Informações: Victor LaRegina
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