Vencedor do Nobel da Paz visita o Brasil e debate o trabalho infantil no País

  • Por Jovem Pan
  • 28/01/2016 12h17
Carolina Ercolin / Jovem Pan Vencedor do Nobel da paz Kailash Satyarthi

 Em visita ao país, o vencedor do Nobel da paz Kailash Satyarthi encontra um Brasil que mantém 3,3 milhões de crianças e adolescentes trabalhando. A maioria no campo. Um número que cresceu 4,5% no último levantamento da PNAD, mas ainda assim menor do que aquele que o indiano está acostumado a lidar na sua terra natal.

A índia, segundo o UNICEF, reúne 28 milhões de menores nesta situação, apesar do empenho do engenheiro que largou a carreira há mais de 30 anos para se dedicar ao combate da exploração infantil.

Segundo o vencedor do Nobel da Paz de 2014, um dos homens mais influentes do mundo, investir na educação das crianças é um bom negócio. Ele usa dados do Banco Mundial para encorajar os governos ao redor do mundo: “Se você investir US$ 1 na erradicação do trabalho infantil, depois de 20 anos o retorno será de US$ 7. Um ano de educação básica ajuda a aumentar em 0,33% o PIB do país, então não é uma má ideia investir em educação”.

Kailash Satyarthi admite que as nações têm grandes prioridades para administrar, como meio ambiente, terrorismo e crises econômicas, mas acredita que se esquecermos de combater o trabalho infantil, estamos perdendo gerações inteiras.

Gerações, que ao menos no Brasil, de acordo com dados de 2014 do IBGE, estão mudando o estigma da década de 90, quando associávamos os números às crianças sujas de carvão em carvoarias do interior do país ou com uma enxada na mão em canaviais.

Agora, o perfil mudou, esclarece a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello: “A maioria são jovens com mais de 15 anos de idade, no meio urbano, que não estão trabalhando porque estão passando fome, mas sim porque querem comprar tênis, ter perspectiva, levar a namorada no cinema, construir sua vida profissional. Não querem ficar na escola porque não tem interesse”.

A questão abre do debate para novas diretrizes de políticas públicas que privilegiem, por exemplo, a manutenção dos adolescentes na escola tornando-a mais atrativa e a legalidade do trabalho com registro em carteira a partir dos 14 anos.

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