Vestibulinho x drogas no pátio: a melhor e a pior escolas públicas no Enem em SP

  • Por Jovem Pan
  • 05/10/2016 14h35
Montagem/ Google Maps e Agência Brasil Colégio Nair Olegário Cajueiro e ETESP

Das 100 escolas com maior nota no ENEM 2015, 97 são privadas, revelou o Inep nesta terça (4). A Jovem Pan visitou a melhor e a pior escolas públicas de São Paulo e constatou as diferenças.

A Escola Técnica Estadual de São Paulo (SP), com nota média de 656,62, é apenas a 89ª no ranking geral. Mas tem a terceira melhor média de públicas estaduais do Brasil. A instituição do Bom Retiro está em primeiro lugar nos últimos cinco anos.

Das 20 escolas públicas com melhor desempenho no exame, 19 são escolas técnicas. Márcia Cury, coordenadora do ensino médio da Etesp, explica o segredo do sucesso: “o nosso aluno é selecionado por um vestibulinho, então ele vem com potencial”. E complementa: “temos o comprometimento de toda a comunidade, que trabalha em prol desse resultado que a gente obtém”.

Enquanto nas ETECs em geral a média é de 5,5 candidatos por vaga, na ETESP a relação sobe para 20 candidatos/vaga.

Greve, desrespeito e desinteresse

Já no colégio Nair Olegário Cajueiro, no Jardim Boa Esperança, região do Jardim Ângela na zona sul da cidade, os alunos se dizem constrangidos pela última posição no ranking da cidade. Eles atribuíram o resultado à greve dos professores no ano passado, que atrapalhou o desenvolvimento do ensino e a falta de motivação dos professores.

“Em 1996 a ONU propôs o Jardim Ângela como o bairro mais perigoso do mundo, e só é lembrado isso. A história que nos é passada é somente sobre isso”, lembra o estudante Luan Siqueira, que tenta vaga no curso de História da USP para tentar mudar a história do seu bairro. “A história mais valorizada nossa é a história da tragédia”, lamenta.

Segundo funcionários do colégio que não quiseram se identificar por medo de represálias, a situação não parece preocupar a diretoria. Estudantes têm autonomia para entrar e sair das salas, não respeitam os docentes e até usam drogas nas dependências da escola.

Reportagens de Fernando Martins e Carolina Ercolin

Pitaco de Marco Antonio Villa: a receita é o envolvimento com a comunidade, ganhar o apoio das famílias da região, que certamente sabem a importância da escola. É um trabalho difícil da direção dos colégios, mas fundamental.

Quanto mais alto o muro da escola, pior é. Cria uma relação quase de campo de concentração com os que estão dentro.

Também é necessário ter coragem para enfrentar o problema das drogas. Achar que fechando os olhos se garante a paz escolar é algo que fortalece esse desempenho trágico. Tem de haver trabalho conjunto com as autoridades policiais.

Boa relação com a comunidade e estímulo do corpo docente ajudam a melhorar. “Porque certamente a maior parte dos alunos quer aprender, estudar e melhorar de vida”.

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