Redes sociais, fake news e tempo de televisão nas eleições de 2018

  • Por Branca Nunes/Jovem Pan
  • 19/11/2018 19h18 - Atualizado em 19/11/2018 19h19
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Banco de imagens/Pixabay internet - celular Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, analisa o papel de cada mídia na campanha eleitoral

Encerrada a disputa eleitoral, o papel desempenhado pelas redes sociais na campanha deste ano ainda é objeto de estudos e reflexões. Perguntas relevantes seguem à espera de respostas. Foi essa a eleição do WhatsApp? As fake news interferiram no resultado do pleito? Houve efetivamente disparos em massa de mensagens fantasiosas? O horário eleitoral perdeu importância? E os debates na TV? Quais candidatos souberam usar com eficácia as novas tecnologias?

Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, centro de pesquisa em Direito e Tecnologia, afirma que nenhuma rede social foi claramente predominante sobre as outras, e que o peso da televisão, embora tenha diminuído, não se tornou dispensável. “Antes a TV dominava”, acredita. “Agora temos um sistema híbrido. Os candidatos que apostaram todas as fichas nessa forma tradicional de comunicação, como o Geraldo Alckmin, quebraram a cara”.

Brito Cruz também sustenta que o uso das diferentes redes entre os eleitores varia bastante de acordo com a idade, a renda e a região do país. “Tudo depende da conexão de internet, do tempo disponível para passar nas redes, se o acesso é feito em casa ou no trabalho etc”, argumentou na entrevista ao programa Perguntar Não Ofende, da rádio Jovem Pan. “O comportamento eleitoral é algo complexo. É impossível afirmar que alguém mudou o voto por ter recebido determinada informação. A noção de cada um sobre política é construída com o tempo”.

As redes sociais foram essenciais, por exemplo, para ampliaram a visibilidade de Cabo Daciolo, qualificado por Brito Cruz de “o candidato meme”. “Daciolo, que gastou R$ 700,00, teve uma votação superior à de Henrique Meirelles, orçada em R$ 45 milhões”. Já a forma como Jair Bolsonaro usou essas ferramentas está sendo construída há anos. “A partir de 2013, percebemos a ascensão de uma militância conservadora que pela primeira vez foi para a rua”, observa. “Até então, apenas a esquerda tinha grupos dispostos a gastar seu tempo livre em prol de uma campanha. Essa militância funcionou nas eleições como um exército de carteiros voluntários e, no segundo turno, trabalhou toda em favor de um único objetivo: eleger o candidato que representava o antipetismo”.

Quanto às denúncias de disparos em massas e spans, Brito Cruz admite que são procedentes. Mas não se restringiram à campanha do Bolsonaro, nem chegaram a mudar os rumos da eleição. “O WhatsApp, por exemplo, é uma rede fechada, que tem mecanismos de controle de spans, grupos com número limitado de integrantes e derruba contas quando percebe alguma irregularidade”, ressalta. “Além disso, para uma mensagem se propagar em corrente, ela precisa ter aderência. Não adianta fazer um disparo maciço de algo que não atinja o público. Comparo com o marketing tradicional: uma propaganda muito boa jamais conseguirá vender um produto muito ruim. Ninguém vai comprar”.

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