Brasil faz história no Treinamento Internacional de Cães na Suécia

Mais que pets: eles ajudam a polícia e auxiliam na qualidade de vida de muitos

  • Por Renata Rode
  • 21/05/2024 08h00
Divulgação/Bravos K9 Instrutores com cachorro Bravos K9 fornece cães para instituições militares e polícias no Brasil e no exterior

Em meio à tragédia que acontece no Rio Grande do Sul, somos bombardeados de imagens que mostram o quanto os animais são importantes em nossas vidas. Mais do que isso, eles fazem parte de nós de uma maneira que poucos imaginam. Meio como uma homenagem a todos os seres vivos que sofrem e sofreram com as enchentes avassaladoras em território nacional, quis trazer nesta coluna um pouco mais de informação e gratidão a pessoas e animais que fazem diferença constantemente em nossas trajetórias. É fato que a imprensa pouco noticia feitos heroicos diariamente, mas o portal Jovem Pan segue diferente e dá voz a quem merece. Nesta edição, parabenizamos um time de especialistas que fez e faz bonito pelo mundo afora. Glauco Lima, João Corrente e Rodrigo Lima são treinadores profissionais de cães e acabaram de participar de um evento internacional e exclusivo na Suécia, que reuniu os 33 melhores treinadores de cães de serviço do mundo. Foram nove dias de troca de experiências, palestras e uma oportunidade única para o intercâmbio de conhecimento e técnicas avançadas.

O evento na Suécia, organizado pelos renomados treinadores Tobias Gustavsson e Boki Damis, apresentou técnicas aplicadas em missões especiais por forças de elite como o FBI, GSG-9, SAS (Special Air Service), Navy SEALS, MI-6, Forças Especiais da Noruega, Finlândia, Suécia e Canadá. “Essa iniciativa destaca a importância da cooperação internacional e do compartilhamento de conhecimentos para o aprimoramento contínuo das habilidades caninas em operações de alta complexidade, além, claro, do seu valor terapêutico e funcional quando aplicado à qualidade de vida em outros cenários”, destaca Glauco Lima, especialista em biodetecção e treinamento de cães para autismo. 

Sim, o encontro tratou não só de segurança como também da importância terapêutica e marcante dos cães na vida dos humanos. Em 32 anos de trabalho, Glauco Lima é testemunha de que a interação entre o homem e seu melhor amigo vai além da prestação de serviço. “Meu trabalho é garantir que o cão seja adequado para uma criança portadora de autismo e que ambos desenvolvam uma relação forte e positiva. O treinamento inclui a adaptação do cão às necessidades específicas da criança, garantindo que o animal possa fornecer o suporte necessário de forma segura e eficaz”, explica. O especialista destaca que os benefícios são muitos. “Cães proporcionam conforto emocional e são treinados para ajudar a acalmar a criança durante momentos de estresse ou ansiedade. Ainda, os cães de assistência podem servir como um canal de comunicação entre a criança e outras pessoas; promovem a socialização, já que a presença de um cão pode facilitar interações sociais e ajudar a criança a desenvolver habilidades sociais e são ferramentas de apoio a tarefas diárias. Alguns são treinados para ajudar em atividades específicas, como pegar objetos, abrir portas ou alertar os pais quando a criança está em perigo”, detalha. Ou seja, cães treinados trazem benefícios e qualidade de vida para as crianças e seus pais e nos mostram que eles são funcionais. E, por que não dizer, essenciais às nossas vidas? 

Voltando para o mote principal do encontro dedicado à preparação de cães para detecção de substâncias, faro de rastro (“tracking”) e intervenções táticas, João Corrente, oficial da Polícia Militar de São Paulo e especialista em cães de patrulha, detecção de substâncias e intervenções táticas destaca a seriedade desse tipo de trabalho e o que hoje os cães representam para a polícia, não só no Brasil, como também no mundo. “Treino cães há 25 anos, sendo 14 dedicados exclusivamente para o treinamento policial e posso afirmar que essa detecção de ponta, é a única que atinge uma alta performance. Permite aos condutores desses cães alcançarem resultados como descobertas dos materiais escondidos como nenhuma outra, ou seja, ajuda a desvendar os mais difíceis crimes. O tracking é uma técnica altamente eficaz para se localizar pessoas e pertences deixados ao longo do caminho, pode servir na elucidação de desaparecimentos, dentre outros casos. Eventos como esse permitem a troca de conhecimentos adquiridos e a vivência e aprofundamento através de pesquisas científicas e vivências únicas”.

Para Rodrigo Lima, proprietário da empresa Bravos K9, que ministra cursos e fornece cães para instituições militares e polícias no Brasil e no exterior, esse intercâmbio de ideias é mais que enriquecedor. “Trabalho com cães há mais de 15 anos e percebo que a principal diferença desse método é a intensidade e o nível de detalhamento da busca. Quando se tem as duas coisas associadas no trabalho, o sucesso é garantido. Posso afirmar que sou nutrido pela paixão por cães e pela necessidade de melhorarias nessa atuação de segurança. Nosso objetivo é alavancar a atividade dos cães de polícia para um animal de alto desempenho, facilitando a apreensão nas ruas e tornando o mundo um lugar melhor”, finaliza o treinador. Aposto que depois de ler esta coluna você vai enxergar os cães com outros olhos, e a capacidade do brasileiro também. Deixo aqui meus sinceros aplausos para esses treinadores que fazem acontecer em território tupiniquim e fora dele, e um abraço apertado a todos os irmãos e animais gaúchos que enfrentam bravamente a situação caótica que aflige o Sul do país. Que Deus os abençoe, hoje e sempre!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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