Apesar dos apelos de aliados, Bolsonaro demonstra que vai insistir nas críticas às urnas eletrônicas
Presidente da República quer se encontrar com embaixadores para discutir o sistema de votação brasileiro e tem dito que, ‘se for preciso’, irá à guerra para brigar pelo o que chama de ‘eleições limpas’
O presidente Jair Bolsonaro vai convidar embaixadores para uma reunião no Palácio do Planalto a fim de discutir as urnas eletrônicas utilizadas nas eleições brasileiras. Ele não se conforma que o presidente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, se reuniu com representantes da comunidade internacional, falando maravilhas sobre as urnas eletrônicas e fazendo um apelo para que o mundo “esteja alerta contra acusações levianas” em torno do pleito. No encontro com 70 embaixadores, Fachin criticou duramente os que se opõem à utilização dos dispositivos, especialmente aqueles que habitam o Palácio do Planalto. Bolsonaro não demonstra estar cansado de discutir esse assunto. Muito pelo contrário. Argumenta que se o sistema é tão bom como diz o TSE, porque é usado somente no Brasil, Butão e Bangladesh? Pior é que Fachin afirma sempre que o chefe do Executivo federal é contra as urnas porque está preparando um golpe para depois das eleições, caso seja vencido.
Bolsonaro decidiu que também falará com os mesmos embaixadores que se reuniram com o presidente do TSE – o encontro será marcado nos próximos dias. O mandatário do país tem pressa no assunto. Não quer deixar insinuações sem resposta. Ele observa que pelo que vê nas ruas, é impossível que não vença a eleição já no primeiro turno, referindo-se às multidões que junta em torno de si, onde quer que vá. Por isso, diz esperar que nada de anormal aconteça, garantindo que ele está trabalhando para a normalidade das eleições. As críticas mais contundentes de Bolsonaro vão para Edson Fachin e Alexandre de Moraes, incluindo aí o TSE inteiro e mais aqueles que confiam no sistema. Afirma que “no seu tempo” ganhava a eleição o candidato que tivesse mais votos dentro da urna, observando que desconfiar é um direito que ele tem. “Espero que não ganhe a eleição quem tem amigo para contar votos dentro do TSE”, diz ele. Mas no Palácio do Planalto nem todos concordam com o presidente. Os assessores mais próximos pedem que ele desista de convocar os embaixadores para discutir esse assunto que só dá “dor de cabeça”.
Mas Bolsonaro quer levar essa ideia adiante e seus assessores afirmam que isso só trará desgaste a ele, que não esconde de ninguém estar intranquilo, revelando um certo desequilíbrio emocional para tratar da questão. O problema é que o presidente se empolga demais nos seus discursos e começa a falar mal de todo mundo. Até no encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Binden, Bolsonaro afirmou que o sistema eleitoral brasileiro não é confiável. A equipe que coordena a campanha em busca da reeleição diz ser preciso acabar com esse “discurso de ódio”, que não leva a nada e ainda tira votos. As urnas eletrônicas brasileiras já se transformaram em assunto internacional. Bolsonaro não vai parar. Estará sempre no ataque, o que põe em risco até mesmo a realização das eleições. Não é exagero. Bolsonaro comenta tudo isso com algumas palavras, dizendo que “se for preciso iremos à guerra”. Do jeito que o assunto está sendo tratado, essa guerra será inevitável.
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