Bolsonaro está certo, e não faz sentindo fazer festa numa época como esta
Presidente da República deveria entrar nessa história e bater de frente com quem insiste em fazer festa de fim de ano e Carnaval em 2022
Presidente Bolsonaro, quem é que manda nesta bagaça? Todo mundo dá ordem, ninguém cumpre nada, cada um faz o que bem entende. E tudo fica por isso mesmo? Presidente, o senhor está dormindo no ponto outra vez nessa questão da variante Ômicron e desta vez vai ser pior. Está certo que o senhor é contra tudo no que se refere ao combate da pandemia, mas tem que ir devagar porque o senhor pode ser o presidente, mas não é dono do Brasil. Nesta quinta-feira, 2, Bolsonaro parece ter ficado atacado ao saber que a variante Ômicron já está no Brasil. Oito casos estão sendo analisados. Ficou atacado e voltou àquela velha conversa de sempre, dizendo que o Brasil não suporta mais um lockdown. Bolsonaro fez um apelo a todos os governantes brasileiros que tratem a questão do vírus como um problema de saúde pública, de responsabilidade, e não política. O presidente falou contra o lockdown mas, na verdade verdadeira, o Brasil nunca passou por um lockdown em esfera nacional. Na maioria dos casos, governadores e prefeitos adotaram apenas medidas restritivas como o fechamento do comércio e proibição de eventos públicos. Então, não adianta esbravejar nem criticar as vacinas, como é do seu feitio. Ou o senhor manda ou não manda nesta bagaça. O senhor não quer lockdown, mas, se for necessário, como é que faz? Se a variante Ômicron vier para valer como é que vamos fazer? Sai todo mundo na rua, fica todo mundo doente, os hospitais entram em colapso, morrem mais 615 mil pessoas? Como é que fica, presidente? Afinal, o senhor quer o quê? O senhor deve acompanhar o que acontece no mundo. Será que só o senhor tem razão? Seja como for, o presidente ponderou que não pode haver Carnaval em 2022. No entanto, parece que está já tudo acertado porque este é um país de gente louca. Nesse caso, Bolsonaro tem razão. Nada de festas.
Dá a impressão de que os brasileiros são loucos. Uma gente louca sem responsabilidade nenhuma. Há cidades que já estão com a relação dos blocos que vão cruzar as principais avenidas e até a programação de desfiles de Escolas de Samba no Carnaval. No entanto, o presidente disse que não manda nada. Por ordem do Supremo Tribunal Federal, cada prefeito e cada governador fará o que bem entender. Não é bem assim, presidente. Se o senhor quiser, o senhor entra nessa história e acaba com essa farra. Na verdade, o senhor deixa correr. E todo mundo que se dane. Bolsonaro se referiu especialmente ao prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que anda por aí saltitante falando na festa de Réveillon na praia de Copacabana e no Carnaval, destacando os blocos que juntam milhares de pessoas nas ruas. E tem ainda o destile das Escolas de Samba. O presidente exemplificou: Se falar com Eduardo Paes, o prefeito dirá que não aceita a determinação de não realizar festas e não cumprirá um decreto presidencial que proíba. Nesta quinta-feira, 2, o prefeito Eduardo Paes informou que será o Comitê Científico do Município que decidirá ser haverá ou não o Réveillon. Por enquanto, a festa está marcada e sua realização será decidida ou não no dia 20. Já em São Paulo, a prefeitura resolveu cancelar o Réveillon da avenida Paulista, que costuma reunir 2 milhões de pessoas. A decisão foi tomada depois das informações de que a variante Ômicron já chegou no Brasil. Muitas capitais brasileiras já cancelaram a festa da virada do ano, somando até agora 21, entre elas Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Palmas, Recife, São Luís e Teresina.
Mas é uma no cravo e outra na ferradura: ao mesmo tempo em que não quer festa de fim de ano nem Carnaval, Bolsonaro se mostra contra o distanciamento social para combater a Covid. “Eu sou um presidente que não tem como decidir as questões da pandemia. Quem decide é o STF”, responde Bolsonaro sempre que é indagado sobre a questão. Não é verdade. Não resolve porque não quer. É só entrar nessa história e bater de frente com quem insiste em fazer festa de fim de ano e Carnaval em 2022. Mas o senhor prefere observar, essa é a verdade. Comprou vacinas porque aí não dava para escapar. Não tinha jeito. Então comprou. Mas para marcar posição, fez questão de não se vacinar. A nova variante tem 50 mutações, o que nunca se viu antes, e isso significa perigo. Os inimigos de Bolsonaro dizem que ele sempre criticou o “fique em casa, a economia vem depois”. E é exatamente ele que, agora, proíbe o Carnaval no país. Em outras palavras: no Carnaval, todo mundo deve ficar em casa. É isso, presidente? A tropa de choque de Bolsonaro nas redes sociais já entrou em ação, com mensagens contra o Réveillon e o Carnaval. Mas nisso o presidente está certo. Não tem sentindo fazer festa numa época como esta. Tanto que centenas de cidade no Brasil estão desistindo. Não haverá festa nenhuma.
Quanto ao Carnaval, o exemplo de São Paulo é inaceitável: a prefeitura até já divulgou a programação dos desfiles de rua. Até o momento, 440 blocos estão inscritos para sair, o que soma cerca de 20 milhões de pessoas nas ruas, devendo participar dos períodos pré, durante e depois do Carnaval. E o desfile das Escolas de Samba não está descartado. É muita irresponsabilidade. Uma gente que pensa que pode tudo. Não pode não. Tem de seguir o que é correto, não essas alucinações. Quanto a Bolsonaro, o que falta mesmo é coragem e vontade política de enfrentar esse problema como se deve. Afinal, o senhor é o presidente da República. O senhor zomba da Covid, mas a população quase inteira do Brasil não zomba, tem medo. E os que têm medo merecem respeito. Especialmente do senhor.
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