Doria quer mudar tudo na campanha eleitoral após ver sua rejeição aumentar

Mesmo trazendo uma das vacinas contra a Covid-19 pro Brasil, governador de São Paulo lidera desaprovação e quer reverter quadro ruim

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 22/02/2022 12h33
BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Governador de São Paulo, João Doria, durante anuncio do programa Estrada Asfaltada De acordo com a pesquisa CNT/MDA, rejeição de João Doria é de 66,5%

O governador de São Paulo, João Doria, resolveu mudar tudo, a começar pela sua pré-campanha. Está tudo errado. O objetivo de Doria é reverter a rejeição que tem no Estado. É algo meio inexplicável, porque Doria se notificou por várias iniciativas que teve, algumas de âmbito nacional, caso das vacinas, por exemplo. Enquanto o presidente Bolsonaro discutia suas alucinações em relação à pandemia, para fazer jus à sua condição de negacionista, Doria foi à luta e trouxe a vacina para o Brasil. Nem esse episódio está sendo considerado pelo eleitorado. O contra-ataque dos adversários é mais forte. A nova postura de Doria será não dialogar com mais ninguém que pretenda ser a terceira via na eleição presidencial de outubro. Vai ficar quieto. Só voltará a falar com esses candidatos quando se desincompatibilizar do governo paulista. Doria também já cancelou todas as viagens que faria para outros Estados, o que seria um excelente material de críticas para seus adversários. Não dá para viajar em campanha pelo Brasil sendo ainda governador de São Paulo.

De acordo com a pesquisa CNT/MDA divulgada nesta segunda-feira, 21, a rejeição de João Doria é de 66,5%, um contingente que não votariam nele de jeito nenhum. A mesma pesquisa revela que 15,5% não o conhecem. Apernas 1,2% indicou que votaria nele. A segunda maior rejeição vai para o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, com 58,2 %. A rejeição do presidente Bolsonaro é de 55,45%, conforme revela a pesquisa, mas 25,6% garantem o voto para sua reeleição. A rejeição de Lula é de 40,5% de eleitores que não votariam nele de jeito nenhum. Mas Luiz Inácio da Silva tem o maior índice dos que estão decididos a votar nele, 39%. 

A rejeição de Doria só aumenta. Um índice de desaprovação de 66,5% é demais para quem pretende ser presidente da República. Não dá. Analisando esses números com sua equipe, Doria afirma que o eleitor paulista não reconhece as ações positivas de seu governo. De agora em diante, vai focar inteiramente o seu trabalho em São Paulo, tudo que tem realizado fora da área da vacinação. Quer explorar a imagem de um gestor eficiente. Obras realizadas por ele não faltam. Mas é preciso mostrá-las ao eleitor. Doria também pretende inserir mais propaganda institucional de seu governo no rádio e na televisão. Acredita que essa iniciativa será importante para diminuir sua desaprovação. Os auxiliares de Doria às vezes deixam escapar informações que deviam permanecer só no Palácio dos Bandeirantes. Depois de uma reunião na semana passada, um deles afirmou “ser preciso parar de errar e ter paciência”. 

As alterações na pré-campanha de Doria pretendem filiar pelo menos 12 prefeitos do PSD de Gilberto Kassab para dar mais sustentação à sua base de apoio. Seria, também, uma resposta a Kassab, que tem sondado o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para disputar a presidência. Doria quer reduzir sua desaprovação no Estado que governa e depois partir com o mesmo objetivo em outros estados. Doria vai se desincompatibilizar em 2 de abril. E vai mudar tudo, de olho nas negociações do PSDB, MDB e União Brasil em torno de uma aliança para lançar um candidato único à presidência. A vida não está fácil para João Doria. Muitos dizem que ele é certinho demais, sempre bem arrumadinho, roupas de estilo, candidato grã-fino, essas coisas que no fundo influem, sim, na observação do eleitor. Evidentemente, Doria não precisa se vestir maltrapilho. Não. Mas parece que ele é um candidato na Suécia, não no Brasil, onde mais de 20 milhões de famílias passam fome. No Brasil é diferente. É um detalhe. Agora, quer mudar tudo. É preciso saber se ainda existe tempo para isso. E tudo indica que esse retrato de Doria está marcado na mente do eleitor. Não vai mudar.  

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