Enquanto Manaus agoniza, senador Telmário Mota promove festa em Roraima com mais de 2 mil pessoas
Parlamentar chamou aglomeração de ‘prestação de contas em Rorainópolis’; nas redes sociais, Mota, que é investigado no Supremo por supostos desvios na área da Saúde, divulgou fotos e comemorou
Você conhece o cidadão brasileiro chamado Telmário Mota. Não, ele não é um cidadão comum. É de Roraima. Telmário Mota é senador no país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza. Eleito pelo Pros – Partido Republicano da Ordem Social. Senador da República. Teve 96.888 votos na eleição de 2014, numa coligação entre PT, PDT, PC do B, PV e PTC. O senador pula de partido para partido, como um passarinho que pula de galho em galho. Que me desculpem meus leitores colocar aqui a figura singela de um passarinho, que sempre merecerá o meu respeito, a exemplo de todos os outros bichos. Pois o senhor senador da Republica resolveu fazer em festa para centenas de pessoas, ao mesmo tempo em que Manaus enterrava seus mortos no caos total do sistema de saúde do Amazonas. O senhor senador realizou farta distribuição de brindes aos convidados e festejou durante a pandemia, o que revela bem o tipo de parlamentar de que dispõe o Brasil. Ele disse que se tratava de uma festa, mas de uma prestação de contas dos serviços que ele prestou ao país. É vergonhoso. Uma festa de arromba na Praça do Grêmio, no centro de Rorainópolis, no Sul do estado.
O município fica na divisa com o Amazonas, onde as vítimas fatais da Covid-19 eram enterradas dia e noite sem parar. O evento foi realizado mesmo com a notícia que também Roraima vive uma crise profunda na saúde. Mas o senador da República não tem tempo de se preocupar com essas coisas menos, não é mesmo? De acordo com a Polícia Militar do Estado, cerca de 2 mil pessoas participaram do evento com muita bebida, uma farra. A PM informou que ninguém pediu policiamento para o local no horário da festa do senador, que não usava máscara e não respeitou nenhuma regra do distanciamento social, a maneira mais eficaz, até agora, de se evitar a doença. Enquanto a festa do senador corria solta, o secretário da Saúde de Roraima, Marcelo Lopes informava sobre sua preocupação do aumento de infectados nas aglomerações dos festejos de fim de ano.
O Hospital Geral de Roraima, o único a tratar de casos graves da doença, registrava neste final de semana – sábado, 16, e domingo, 17 – 100% de ocupação. Também lá a situação é grave, tanto que a região de Rorainópolis ergueu barreiras, medindo a temperatura de quem entra em Roraima pela BR-174, a rodovia que liga o estado ao Amazonas. Ainda está valendo uma triagem para entrar em Roraima, em que é preciso explicar a origem e o destino, esclarecendo casos de febre ou indícios da Covid-19. Mas nada disso valeu para que o excelentíssimo senador Telmário realizasse sua festa em paz, sem dar satisfação a ninguém. Evidente que essa aglomeração de 2 mil pessoas já se fará sentir nesta semana, como aconteceu em Manuas. O senador se diz com a consciência tranquila. Pelas redes sociais, festejava ainda a presença de 5 mil pessoas na sua festinha. Em outubro de 2020, o senador pegou o vírus e chegou a ser internado no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, quando escreveu em sua conta no Twitter que se todas as unidades hospitalares brasileiras tivessem aquela excelência dos serviços de saúde que recebia, a humanidade estaria muito melhor.
Precisa ter uma cara dura demais para dizer coisas assim. Insensível a tudo, realizou sua festa juntando 5 mil pessoas. E a festa continua no Facebook do senador, mostrando dezenas de fotos demonstrando o pouco caso em relação à doença. Infelizmente, o Brasil depende de gente assim para seguir o seu destino. E há muitos iguais a ele, a começar de cima, onde o descaso é a marca registrada inclusive contra a vacina que poderá salvar milhares de vida. O senhor senador da República brasileira é acusado de participar de um esquema de licitações na Secretária da Saúde de Roraima, para favorecer empresas em que tem participação. As investigações informam que um vereador da capital Boa Vista, atuava em nome do senador para desviar R$ 8 milhões na compra de equipamentos hospitalares, especialmente centrais de ar para enfrentar a pandemia. O inquérito está no Supremo Tribunal Federal (STF). E ele continua no Senado da República do país tropical, gozando de boa vida e dizendo-se um servidor da pátria. Pobre país este que todos os dias é devotado por indivíduos que numa nação civilizada teria outra sorte e outro tipo de tratamento, bem longe da festa que promoveu de maneira irresponsável e ignorando os mortos de seu próprio Estado, apenas um lugar onde ele vive sem qualquer outro significado que justifique o alto cargo que detém da Republiqueta cada vez mais desmoralizada. Infelizmente para todos nós.
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