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Lula está partindo para o discurso mais agressivo, acreditando que não tem adversário nas eleições

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursa para líderes comunitários de favelas e organizações sociais, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro

Luiz Inácio da Silva desistiu de escrever uma carta às Forças Armadas. A ideia vinha sendo discutida no PT com manifestações acaloradas. Nessa carta, Lula, o ex-presidiário por corrupção, solto por manobra indecente do STF, mencionaria o bom relacionamento que sempre teve com os militares quando governou o país. Mas Lula decidiu que não vai mais escrever coisa nenhuma. Pelo contrário: agora mudou o discurso, como se viu na viagem que fez ao Nordeste em busca de votos para 2022. Resolveu que de agora em diante passará a pregar em seus discursos para plateias favoráveis que os militares devem ficar nos quarteis, longe da política. E vem dizendo isso de maneira incisiva, como se já estivesse sentado na cadeira de presidente do Brasil.

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A mudança é tanta que algumas vezes Luiz Inácio chega a criticar as Forças Armadas. Uma espécie de rascunho da carta chegou a ser escrito, com informações prestadas por três ex-ministros da Defesa de Lula: Nelson Jobim, Celso Amorim e Jacques Wagner. Uma beleza. Dava a impressão de que a relação de Lula com os militares foi sempre um mar de rosas. Nessa questão, Lula tinha a ajuda do ex-deputado e ex-presidente do PT, José Genoíno, que está de volta depois daqueles escândalos vergonhosos de corrupção chefiados pelo partido. Genoíno está de volta. Os três ex-ministros da Defesa conversaram com vários oficiais das Forças Armadas, mas não encontraram um ambiente favorável a Luiz Inácio. Muito pelo contrário, os militares falaram abertamente sobre as restrições que têm em relação ao ex-presidente perdoado de seus crimes pelo STF. Restrições duras, especialmente por conta dos assaltos do mensalão e o dinheiro roubado da Petrobras, que quase destruiu a empresa.

Seja como for, os militares se comprometeram a respeitar Lula como chefe das Forças Armadas caso ele seja eleito em 2022. Lula não quer mais saber de escrever nada. Diz que se houver uma carta, esta será para o povo brasileiro, do qual os militares fazem parte. Agora anda dizendo nos discursos com plateia favorável que se militar quiser fazer política tem de renunciar ao cargo e tirar a farda. Daqui para a frente o discurso será esse. Lula passa a impressão de que não quer agradar ninguém, especialmente as Forças Armadas do país. Pelo contrário, está subindo o tom das suas conversas com seus seguidores. Lula afirma que os militares se julgam superiores e mais honestos.

“Eu não tenho conversa com militares, eles que respeitem a Constituição”, disse numa espécie de pequeno comício no Nordeste. Uma coisa está definida: caso Lula vença as eleições, nenhum militar ocupará cargo nenhum em seu governo, nem mesmo no Ministério da Defesa. Todos os cargos serão ocupados por civis. Mas ele ainda não explicou como afastará os 6 mil militares que ocupam postos no governo de Jair Bolsonaro. O cenário atual é esse. De ex-presidiário e autodenominando-se “preso político”, Lula está partindo para o discurso mais agressivo, acreditando que não tem adversário nas eleições presidenciais. Se de fato for assim, o Brasil tem que se preparar para dar mais um mergulho no inferno.  

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