TSE fez bem em vetar pronunciamento de Queiroga sobre vacinação
Se não fosse barrado, o tal pronunciamento seria, na verdade, apenas de propaganda eleitoral
Não podia ser diferente. O Tribunal Superior Eleitoral vetou o pronunciamento que o chamado ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, faria em rede nacional de rádio e televisão sobre a vacinação contra a paralisia infantil. Como se este fosse um país de gente idiota. Bem agora, ministro? O senhor e o governo sempre se posicionaram contra vacina. Isso ficou mais do que claro no período de morte da Covid, oportunidade em que o governo mostrou toda sua apatia diante de um mal que só no Brasil matou mais de 700 mil pessoas e continua matando. Vacina para que, senhor ministro Marcelo Queiroga? O senhor ia falar sobre a necessidade da vacinação contra a poliomielite. Verdade, ministro? No seu pedido ao TSE, o ministro Queiroga afirmou que desejava marcar bem o lançamento da campanha, na segunda-feira, 9. Vejam bem: uma campanha contra a poliomielite e de multivacinação, enaltecendo a ação do governo na pandemia. Mas o presidente do TSE, Edson Fachin, disse não. Um sonoro não. E fez bem. Este país está cansado de fazer o papel de bobo da corte.
Queiroga, o ministro, se mostrava entusiasmado quando o vídeo de seu pronunciamento foi enviado ao TSE para aprovação. Fachin assistiu e ficou perplexo, como ficaria qualquer pessoa que ainda tem os miolos no lugar. O conteúdo do pronunciamento contrariava totalmente a legislação eleitoral e elogiava a ação do governo contra a Covid. Tem que ter muita coragem de subestimar dessa maneira a inteligência das pessoas. A ação do governo contra a Covid foi de uma covardia que entrará na história dos malfeitos brasileiros. Queiroga diria que durante a pandemia o governo demonstrou sua capacidade de adquirir vacina e vacinou a população em tempo recorde. E diria no plural, para ficar mais abrangente: “…demonstramos nossa capacidade de adquirir vacina…”. Pqp, não é possível. Se não fosse barrado, o tal pronunciamento seria, na verdade, apenas de propaganda eleitoral. Mas o povo não pode esquecer. Uma frase inteira do ministro da Saúde, para se ter uma ideia melhor: “Alcançamos altas taxas de cobertura vacinal que nos permitiram o controle da emergência de saúde pública de importância nacional”. É demais para a cabeça.
O ministro Edson Fachin não teve nenhuma dúvida. Vetou o tal pronunciamento oportunista. Observou que aquela conversa do ministro da Saúde feria o princípio da impessoalidade na administração pública, especialmente neste período que antecede as eleições de outubro. O pedido do senhor ministro já havia sido negado uma vez, tal era tão claramente seu objetivo. Mas Queiroga pediu outra vez. E outra vez o TSE negou. E fez muito bem negar. Queiroga, o ministro, de acordo com o vídeo barrado, convidaria “pais e mães deste Brasil a levar seus filhos aos postos de vacinação”. Quem te viu e quem e te vê, ministro. Como as coisas mudam. Tudo muda, de acordo com a circunstância. Agora ter a coragem de dizer em rede nacional de rádio e televisão que a ação do governo contra a Covid foi uma beleza soa como uma zombaria. Aliás, e na verdade, a pandemia brasileira foi mesmo feita de muitos deboches. Fez bem o TSE em barrar o pronunciamento. Em nome da verdade, seria mais um acinte. É subestimar demais a triste vida da grande maioria dos brasileiros.
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