Urnas eletrônicas estão prontas para as eleições, mas as críticas vão continuar
Não se pode mais mexer nos equipamentos, mas é preciso combinar isso com os que não confiam no processo eleitoral brasileiro
Não pode mais mexer. Nem discutir. Não pode dar palpite nenhum. Quem incorrer nesses “crimes” será punido. O assunto está resolvido. Resolvido? Será mesmo? O Tribunal Superior Eleitoral finalmente concluiu o processo para lacrar o sistema das urnas eletrônicas. No entanto, engana-se aquele que pensar que o assunto não voltará às discussões políticas. Essa questão nunca será resolvida. Na semana passada, dez técnicos do TSE juntaram os programas que serão utilizados nas eleições de outubro. Se o país chegar inteiro até lá, claro. Sete entidades verificaram a integridade e o funcionamento das urnas: o próprio Tribunal, as Forças Armadas, o Ministério Público Eleitoral, Polícia Federal, Ordem os Advogados do Brasil, a Controladoria Geral da União e o PTB. Os sistemas receberam as assinaturas digitais das autoridades, que assinaram também os DVDs e as etiquetas que lacraram o envelope contendo as mídias. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes disse, na oportunidade, que nunca aquele ato foi presenciado por tanta gente, particularmente a imprensa. Afirmou que isso legitima cada vez mais a Justiça Eleitoral, que atua de forma pública e transparente. “Não há nada, absolutamente nada, de secreto na justiça eleitoral”, disse ele, demonstrando algo parecido com orgulho. Mas isso não vai parar aí.
Ao mesmo tempo, o novo corregedor nacional de justiça, ministro do TSE, Luiz Felipe Salomão, garantiu que a Justiça punirá quem atacar o sistema eleitoral de agora em diante. Adiantou que trata-se de um aviso a quem se aventurar a criticar o sistema, especialmente as urnas eletrônicas. Se for parlamentar, será cassado, como aconteceu com o deputado estadual do Paraná Fernando Francischini (União Brasil). Perdeu o mandato por divulgar fake news sobre as urnas. E agora será assim. O caso do parlamentar foi um aviso. A punição será forte. E virá. O corregedor do TSE ensinou aos menos avisados que este é um momento histórico da vida brasileira, assinalando que o Judiciário sempre foi pouco eficaz na questão político-partidária, mas agora chegou-se ao equilíbrio porque é preciso prestar conta à sociedade. Mas a Justiça não vai se manifestar publicamente sobre problemas políticos do país, isso não. Vai agir.
É muita conversa. O que não falta é conversa. Antes de se chegar a isso, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, recebeu mais uma vez o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para discutir o processo eleitoral, particularmente as urnas eletrônicas. O general foi reiterar o pedido para que o Tribunal altere o modelo de testagem das urnas. Dizem que foi uma conversa repleta de cordialidades. Uma conversa produtiva. E só. Não se disse mais nada a respeito. E logo a seguir, o sistema das urnas eletrônicas foi lacrado. Ninguém mexe mais em nada. As urnas estão prontas para as eleições e ponto final. Nada mais há a discutir. Tudo bem, mas tem que combinar isso com os que não confiam no processo eleitoral brasileiro, que são bem conhecidos por todo mundo. A começar pelo presidente Jair Bolsonaro. Evidentemente que as críticas vão continuar. Razão tem o presidente do Superior Tribunal Militar, general Luiz Carlos Gomes Mattos, que afirma: “As Forças Armadas não devem se envolver com as eleições”. Diz ainda que cuidar de eleições compete apenas à Justiça eleitoral. Para bom entendedor, meia palavra basta. Cada um que fique no seu lugar.
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