Atom Egoyan leva frio a Cannes com suspense estrelado por Ryan Reynolds

  • Por Agencia EFE
  • 16/05/2014 10h35

Alicia García de Francisco.

Cannes (França), 16 mai (EFE).- O cineasta canadense Atom Egoyan foi recebido com frieza nesta sexta-feira em Cannes ao apresentar seu filme “The Captive”, um thriller pouco original, abaixo do nível da disputa pela Palma de Ouro e que traz Ryan Reynolds em um papel mais dramático do que seu habitual.

Exibida dentro da seção oficial do festival, iniciado na última quarta-feira, o suspense “The Captive”, que chegou a ser vaiado em sua primeira projeção, se baseia em um fato real: o desaparecimento de uma criança no Canadá por conta da distração de sua mãe, como Egoyan explicou hoje em entrevista coletiva.

Rodada em pleno inverno canadense, na zona das cataratas do Niágara, “The Captive” se aprofunda na máxima de que “todos os seres humanos cometem grandes erros” e, por isso, necessitam aprender a conviver com eles.

Neste caso, o pai (Reynolds), que perde o contato com sua filha pouco antes dela ser sequestrada; o sequestrador (Kevin Durand), ciente que sua atitude é errada, e o policial (Scott Speedman), que passa a suspeitar do pai da criança sem nenhum tipo de evidência.

São homens “que vivem com as consequências de seus erros” em um mundo como o atual, “no qual tudo pode ser observado”, o que traz certo ar de irrealidade à trama, explicou o cineasta canadense.

Foi precisamente o fato de o sequestro separar a família, já que a mãe responsabiliza o pai pelo sumiço de sua filha, que atraiu Reynolds ao projeto, além do fato de poder trabalhar com Egoyan.

“Parece-me fascinante como eles podem se separar e enfrentar os fatos com mecanismos tão diferentes”, assinalou Reynolds.

No filme, como única originalidade marcante, são os homens que se sentem culpados e não as mulheres – o mais habitual -, enquanto a trama se desenvolve em dois espaços de tempos diferentes, o do momento do sequestro e oito anos depois.

Egoyan também desenvolve a história a partir de três casais: o sequestrador e a menor, algo difícil de ser concebido; os pais (Reynolds e Mireille Enos), que não se suportam e não se divorciam, e finalmente os policiais (Rosario Dawson e Speedan), cuja relação começa a se desenvolver durante a averiguação do caso.

Trata-se de uma história que despertou muito interesse em Dawson, que se mostrou muito preocupada hoje com o perigo relacionado às redes de pedófilos e muito interessada pelo trabalho dos policiais que trabalham sem descanso para recuperar essas crianças. “É uma realidade. Este tipo de comunidade existe na internet e funciona 24 horas por dia”, disse a atriz, que alertou sobre o perigo relacionado às mulheres e meninas, especialmente.

Por sua parte, Durand, o único que pode ser considerado vilão no filme, afirmou que seu papel representava um “grande desafio” e que estava “realmente fascinado” com a ideia de ser o “mau”.

Embora ele apareça como o único vilão no filme, o diretor optou por ressaltar a existência de uma estrutura muito maior e enraizada na sociedade, algo que, segundo ele, fica na imaginação do espectador.

Para Egoyan, esse elemento, de deixar “a imaginação do espectador questionar até onde vai o problema e quem são os envolvidos”, é “verdadeiramente poderoso” no filme.

Neste aspecto, Dawson ressaltou que o terrível do filme é saber que qualquer um pode ser um membro de uma rede de pedófilos, já que este não precisa ser marginalizado ou com aspecto horrível.

Os pedófilos são “pessoas normais, com trabalhos normais, amigos, família e uma casa bonita. Não estão em uma esquina com uma máscara e fazendo gestos. Podem estar sentados ao seu lado”.

“Sempre estou interessado pelas pessoas com traumas e, provavelmente, isso tem uma relação com as histórias que me contaram”, assinalou o diretor em referência a sua origem armênia e ao genocídio que seu povo sofreu no início do século. EFE

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