Aumento de 57% no salário dos vereadores de Buenos Aires gera polêmica
Buenos Aires, 7 fev (EFE).- Os deputados da cidade Buenos Aires – equivalentes aos vereadores no Brasil – receberam um aumento salarial de 57% em 2013, o que gerou polêmica na Legislatura da capital em meio ao crescimento inflacionário vivido pela Argentina após uma forte depreciação do peso.
O deputado da coalização Unen, Gustavo Vera, reiterou nesta sexta-feira que vai apresentar em março um projeto de lei para regular os salários de seus colegas, que oscilam entre os 26 mil (US$ 3,3 mil) e 37 mil pesos (US$ 4,7 mil) mensais, os auxílios, benefícios e impedir futuros aumentos tão elevados como o do ano passado.
“Tenho vergonha de ser um servidor público e ganhar cinco vezes mais do que ganham os cidadãos de Buenos Aires. Vou viver como vinha fazendo até agora: como professor”, disse Vera.
O legislador informou através de sua conta no Facebook que doará 60% de seu salário para uma cooperativa de trabalhadores de uma empresa têxtil e outra de construção da comunidade de etnia Qom La Primavera.
A proposta do deputado determina que os legisladores ganhem um salário equivalente ao de um diretor de escola e exige que seus colegas e suas famílias sejam atendidos em hospitais públicos.
Os deputados do partido majoritário na Câmara portenha, Propuesta Republicana (PRO), e da maior bancada, a Frente para la Victoria (FPV), se opuseram categoricamente a uma redução salarial.
“Não recebo por antiguidade, não me pagam por título, não temos vagas cativas de estacionamento, não temos carros oficiais, não pagam nossa conta de celular. Quando trabalhava no Congresso ganhava o dobro”, se queixou ao jornal “La Nación” o primeiro vice-presidente da Legislatura, Cristian Ritondo.
“O salário é correto pela responsabilidade e pela dedicação que, no meu caso, é absoluta: dez horas por dia. Cada trabalhador deve receber de acordo com suas responsabilidades”, disse ao mesmo jornal a deputada Gabriela Alegre, chefe do FPV.
A polêmica começou após a troca de acusações entre funcionários do alto escalão do governo argentino e os sindicatos.
As organizações trabalhistas da Argentina advertem que a inflação diminuiu o poder aquisitivo dos trabalhadores e exigem aumentos salariais para 2014 superiores a 30%.
Segundo dados oficiais, a Argentina fechou 2013 com uma inflação de 10,9%, mas consultoras privadas elevaram o número para até 28,3% e preveem que a inflação se acelere após a desvalorização de 22,3% do peso em janeiro. EFE
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