Boston mostra força e unidade no primeiro aniversário do atentado da maratona

  • Por Agencia EFE
  • 15/04/2014 20h24

Jairo Mejía

Boston (EUA.), 15 abr (EFE).- A cidade de Boston, nos Estados Unidos, prestou uma homenagem nesta terça-feira às vítimas da explosão das duas bombas colocadas no trecho final da maratona do ano passado, assim como para mostrar unidade e superação de uma tragédia que terminou com três mortos e 16 amputados.

Com a linha de chegada de novo preparada para que no dia 21 de abril seja celebrado o dia do Patriota, na terceira segunda-feira de abril, e ocorra a largada para uma nova edição da corrida, os moradores de Boston fizeram um chamado de superação.

“Muitos corredores não puderam terminar a prova no ano passado, mas na segunda-feira que vem demonstraremos que a cidade tem a força para finalizar o que foi iniciado”, indicou à Agência Efe Sharleen Colaeta, que vive perto da linha de chegada e que transformou sua casa em um improvisado centro de ajuda para vítimas do atetando de 15 de abril de 2013.

“Boston Strong” (Boston Forte), escolhida como frase após o atentado, se transformou no lema que pode ser visto nas camisetas dos transeuntes, nas vitrines dos comércios e nas mensagens de perseverança aos sobreviventes.

Os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, residentes na vizinha Cambridge e originários do Daguestão, colocaram duas panelas de pressão carregadas de explosivos caseiros que ativaram à distância com a intenção de causar o maior prejuízo possível.

Três dias depois, ambos iniciaram uma espetacular fuga de quase 24 horas nas quais mataram o policial do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) Sean Collier.

O mais velho dos irmãos Tsarnaev morreu em um enfrentamento com a polícia, enquanto Dzhokhar foi capturado após uma impressionante busca nos arredores de Boston.

Uma cerimônia no centro de convenções de Hynes serviu hoje para homenagear os sobreviventes e as famílias das três vítimas mortais: Martin Richard (de 8 anos), Krystle Campbell (de 29) e a estudante chinesa Lu Lingzi (de 23).

O vice-presidente americano, Joe Biden, o governador de Massachusetts, Deval Patrick, e o prefeito de Boston, Marty Walsh, destacaram a resposta exemplar dos feridos (cerca de 260), 16 dos quais sofreram amputações e ainda seguem em reabilitação.

Biden assegurou que os terroristas queriam “inocular medo para que rejeitássemos nossos valores de sociedade aberta, de justiça, de liberdade e nossa capacidade de nos reunir onde quer que seja para expressarmos o que achamos”.

O vice-presidente ressaltou que o exemplo de que os autores dos atentados não conseguiram seu objetivo é a capacidade de Boston de seguir unido, de manter seu estilo de vida aberto e que a maratona vai contar neste ano com seu segundo número mais alto de participantes: 36 mil pessoas.

“O que vimos depois da tragédia foi um sentido de comunidade e de generosidade que nestes tempos quase não existem”, afirmou o governador Patrick.

A cerimônia de hoje, que terminou com a içamento de uma bandeira americana na linha de chegada da Rua Boylston e um minuto de silêncio às 14h45 local (15h45,em Brasília), quando ocorreram as detonações, também serviu de homenagem para a polícia e os serviços de emergência de Boston.

Dezenas de membros da polícia de Boston, do estado de Massachusetts e bombeiros montaram guarda nos dois pontos nos quais foram colocadas as bombas, onde muitas pessoas rezaram, choraram e agradeceram os agentes.

Uma das vítimas, a pequena Jane Richard, irmã mais nova de Martin Richard e que perdeu uma perna, caminhou hoje com seu pais até o lugar onde explodiu a segunda bomba e onde seu irmão faleceu para fazer uma oferenda.

Em um segundo plano se encontrava um orgulhoso Paul Michienze, que há um ano estava sentado a poucos metros de Jane vendo a maratona, mas não sofreu ferimento algum e decidiu criar uma fundação para as vítimas como agradecimento à sorte que teve no fatídico dia.

Michienze explicou à Agência Efe que Jane conseguiu uma prótese sob medida, que os seguros médicos não incluem e que pode chegar a custar até US$ 70 mil. Seu objetivo é que todos os amputados possam contar com elas.

No meio destas amostras de solidariedade, comunidade e reafirmação do espírito aberto da cosmopolita Boston, pessoas como Colaeta seguem se perguntando a razão que levou os dois jovens que tinham crescido na cidade a explodir as bombas.

Amanhã será realizada uma audiência prévia ao julgamento contra Dzhokhar Tsarnaev, que cresceu nos Estados Unidos e tinha cidadania.

Espera-se que ainda neste ano seja iniciado o julgamento do jovem de 20 anos e possam ser conhecidas as razões que levaram ele e seu irmão a cometer o ato terrorista mais grave da história de Boston. EFE

jmr/ff

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