TOC pode parecer engraçado, mas causa sofrimento físico e emocional; saiba quais são as causas
Pessoa com o transtorno chega a lavar as mãos incontáveis vezes por medo de se sentir suja, mas vergonha a faz esconder os sintomas; tratamento varia conforme as características
Imagine a seguinte situação: você está longe de casa e vem a dúvida: “Será que tranquei a porta”? Você tem certeza de que trancou, mas continua preocupado e isso te faz voltar inúmeras vezes pra checar, pois cenas horríveis do que pode acontecer ficam rondando a sua cabeça. Parece filme de terror, não é? O melhor jeito de afastar um pensamento ruim é confrontá-lo com o mundo real, mas, para pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (conhecido como TOC), isso pode ser bem difícil. Basicamente, pensamentos, imagens ou impulsos ruins ou obsessivos “invadem” a cabeça da pessoa e ficam se repetindo, causando muito sofrimento. Na tentativa de aliviar os pensamentos e diminuir a ansiedade, a pessoa pode desenvolver rituais ou compulsões, como por exemplo, o ato de trancar a porta mais de uma vez.
Você pode pensar: “Ah, doutora Camila, mas isso é normal! Eu tranco a porta duas vezes, só pra garantir”! Sim, mas o que diferencia um comportamento saudável de um compulsivo é o impacto que ele tem na sua vida em função do tempo gasto sem sucesso para dar vazão à compulsão. Uma pessoa com TOC pode trancar a porta 20 vezes e, mesmo assim, não conseguir sair de casa. Ou lavar as mãos mais de 50 vezes e, ainda assim, se sentir suja por pensar sem parar que pode estar contaminada. Na maioria das vezes, a pessoa sabe que o medo é irracional, sente vergonha e tenta esconder os seus sintomas. Em outros casos, envolve a família inteira por conta dos seus rituais.
Mas o que que causa o TOC? Estudos apontam diferentes aspectos envolvidos no desencadeamento das obsessões e compulsões. Condições genéticas e do funcionamento neurológico demonstram maior associação com o transtorno de início precoce. O TOC mais tardio pode ser desencadeado por eventos externos, como a morte de um ente querido, rompimento afetivo ou exposição a abuso ou autoritarismo. Práticas parentais hostis ou de superproteção também parecem estar envolvidos. Apesar de parecer engraçado, causa muito sofrimento físico e emocional.
O tratamento pode variar conforme as características da pessoa e a intensidade dos sintomas, sendo que a psicoterapia cognitivo-comportamental é tida como a mais eficaz para a desconstrução dos pensamentos errôneos. Em alguns casos o uso de medicamentos antidepressivos também tem boa resposta. A psicoterapia pode auxiliar no entendimento das figuras de autoridade, críticas, nas habilidades sociais e na capacidade de expressar opiniões e sentimentos, com significativa melhora interpessoal. Então, caso você se identifique com esses sintomas, procure ajuda de um psiquiatra! O TOC tem tratamento e isso vai melhorar muito sua qualidade de vida.
Quer sugerir algum tema? Escreva para o e-mail dracamila@jovempan.com.br ou mande uma mensagem em minha conta no Instagram, @dra.camilamagalhaes. Até a próxima!
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.