Casal cristão é morto no Paquistão por supostamente profanar o Corão

Islamabad, 5 nov (EFE).- A polícia deteve 43 pessoas relacionadas com a morte de um casal cristão que foi linchado por supostamente profanar uma cópia do Corão e teve os corpos queimados no nordeste do Paquistão, informou nesta quarta-feira à Agência Efe uma fonte policial.

Os detidos residem na cidade de Kot Radha Kishan, na província de Punyab, onde na terça-feira ocorreram as mortes em uma fábrica de tijolos, na qual foram queimados os corpos em um forno, disse um porta-voz da polícia, Bin Yameen.

O porta-voz assegurou que a polícia procura o responsável por seu suposto envolvimento no fato, que aconteceu quando “um grande número” de pessoas atacou os dois enquanto trabalhavam no forno de tijolos, por acusá-los de ter profanado o Corão.

A ambígua legislação paquistanesa castiga qualquer menosprezo contra os símbolos sagrados do islã, mas frequentemente é aplicada de forma arbitrária e só por testemunhos de terceiros.

A legislação surgiu no período colonial britânico para conter choques religiosos, mas as reformas impulsionadas no anos 80 pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq deram asas aos extremistas para abusar da lei.

O endurecimento da legislação e a radicalização do país a partir do anos 80 disparou as acusações por blasfêmia e também as execuções extrajudiciais dos supostos blasfemos, geralmente pertencentes a minorias religiosas. EFE