Cavernas e bunkers atômicos

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 24/08/2017 10h45
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EFE/EPA/HO HANDOUT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES EFE/EPA/HO O que existe em comum entre Estados Unidos, China, Índia e Paquistão? São todos países nucleares

Esta semana estou viajando nos meus comentários e inclusive evitando o círculo vicioso de falar em excesso do abominável homem laranja, Donald Trump, por suas travessuras domésticas.

Já estive nos Himalaias para falar do risco de um conflito entre dois galos de briga, China e Índia, voltei ao Afeganistão velho de guerra, a mais longa na história americana, e hoje vou ficar naquelas paragens remotas e explosivas.

Ok, perdão, mas preciso reincidir e falar a palavra Trump, pelo mero motivo de que esta semana ele anunciou sua nova estratégia no velho Afeganistão, basicamente voltando atrás na promessa eleitoral de cair fora do atoleiro. Trump fica por lá e, como os antecessores Barack Obama e George W. Bush, ele promete jogar mais duro com o Paquistão, país maroto que combate e acolhe o Talibã, o movimento bárbaro que atua no Afkpak, Afeganistão e Paquistão.

Trump não apenas promete endurecer com o Paquistão, inclusive cortando ajuda, se o país não cortar os laços com o Talibã, mas quer alinhar a Índia nesta frente geopolítica. E qual é o risco desta jogada? A Índia é arqui-inimiga do Paquistão e ainda por cima se for enquadrada pelos americanos, os paquistaneses podem se aproximar ainda mais da China.

Quem acompanha com detalhes o drama geopolítico, sabe que Trump está cada vez mais bronqueado com a China, acusando Pequim de ser protecionista no comércio e fazer pouco para pressionar o regime doido da Coreia do Norte, que desafia o mundo e avança com seu programa nuclear.

E lembrem-se do que eu falei no início do comentário. Existe uma escalada de tensões entre a China e a Índia em razão de disputas fronteiriças lá em cima, no Himalaia. Isto quer dizer que se a gente for alinhar as peças no tabuleiro, o Paquistão pode se aproximar cada vez mais da China, irritado com os americanos, enquanto a Índia deve se aproximar cada vez mais dos Estados Unidos, irritada com os chineses.

Deu para sentir o drama? É um jogo complexo e para dizer o mínimo muito explosivo. E vamos arrematar com um dado: o que existe em comum entre Estados Unidos, China, Índia e Paquistão? São todos países nucleares. Ok, nada de pesadelos apocalípticos, mas melhor ficar com os olhos bem abertos.

O Afeganistão do risco Talibã é coisa das cavernas, mas a crise mais ampla na região também é coisa de bunker atômico.

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