Londres, 4 fev (EFE).- Os macacos do Novo Mundo, cuja origem sempre foi um mistério, viveram na América do Sul muito tempo antes do que se pensava e podem ter tido ascendência africana, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira pela revista “Nature”.
“A primeira conclusão deste estudo é que os macacos do Novo Mundo viveram na América do Sul milhões de anos antes do que se pensava pelos registros fósseis encontrados até então”, disse à Agência Efe Kenneth Campbell, paleontólogo do Museu de História Natural de Los Angeles (Estados Unidos).
Até o momento, os registros fósseis mais antigos dos macacos do Novo Mundo – 26 milhões de anos – haviam sido encontrados na região onde atualmente fica a Bolívia.
Nesta nova pesquisa, os cientistas encontraram dentes fósseis que aparentemente são 10 milhões de anos mais antigos do que se imaginava e que pertencem a uma nova espécie de primatas pequenos, denominada Perupithecus Ucayaliensis.
“A segunda descoberta tem a ver com a forma de seus dentes, que são muito similares aos dos macacos africanos, o que indica uma possível ascendência da África”, explicou Campbell.
Os novos exemplares descritos neste estudo têm “semelhanças surpreendentes” com os primatas africanos primitivos, o que sugere que esses símios da América do Sul tiveram sua origem na África.
De acordo com a pesquisa, os dentes encontrados não apresentam muitas semelhanças com os dos primatas sul-americanos (extintos ou não), mas com os africanos da época do período Eoceno (segunda época da era Cenozoica, entre cerca de 55 milhões de anos e 36 milhões de anos atrás).
O paleontólogo explicou as etapas do estudo.
“Primeiro achamos os novos fósseis, depois os identificamos como procedentes de macacos e mais tarde os comparamos com os registros fósseis já existentes e, por último, os interpretamos e descrevemos”, afirmou.
Esses achados sugerem que o Perupithecus Ucayaliensis estava relacionado com os primatas africanos, mas os pesquisadores afirmaram que mais amostras são necessárias para que esta hipótese seja confirmada. EFE