Escritora mexicana vencedora do Prêmio Cervantes diz que dará voz a oprimidos

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2014 15h24
  • BlueSky

Carmen Sigüenza e Ana Mendoza.

Madri, 21 abr (EFE).- A escritora e jornalista mexicana Elena Poniatowska, que na próxima quarta-feira receberá o Prêmio Cervantes vestindo um traje indígena “vermelho berrante e amarelo”, feito pelas mulheres de Juchitán, do estado de Oaxaca (México), dará voz em seu discurso a todos aqueles que nunca a tiveram.

“Falarei do México, da América Latina e do povo ao qual ninguém dá importância, as pessoas que não têm voz, não têm carros – talvez um burro”, disse hoje Poniatowska que acaba de chegar à Espanhapara assistir aos vários atos organizados em sua homenagem por ocasião da entrega do Prêmio Cervantes.

A escritora foi hoje à Biblioteca Nacional, a um encontro com jornalistas, vestida com um traje rosa mexicano e acompanhada por vários de seus filhos e por sete de seus 11 netos, e, em relação a sua trajetória como jornalista engajada, afirmou que o ofício, pelo menos na América Latina, “é um jornalismo de indignação e de denúncia”.

“O jornalismo é muito útil porque é uma grande lição de modéstia e humildade, pelo menos no México, onde os jornalistas vivem situações duras e terríveis. É o país mais perigoso do mundo para os jornalistas”, sobretudo nos estados que fazem fronteira com os Estados Unidos, muito afetados pelo narcotráfico, dizia Poniatowska.

No mesmo sentido, a escritora dizia que o jornalismo na América Latina “é muito diferente. A realidade entra em sua casa, te enforca. É muito difícil você escrever sozinho em sua casa quando fora dela acontecem coisas que te puxam. Faz-se um jornalismo de dentro para fora. Acho que o compromisso do jornalista é com as causas nobres, ele não pode ser um funcionário de um empresário”.

No encontro com a imprensa, a autora de “A noite de Tlatelolco” falou muito sobre Gabriel García Márquez e a José Emilio Pacheco, “um amigo extraordinário, um visionário”. Ambos serão mencionados em seu discurso.

“O que Gabo fez pela América Latina foi único, a fez voar, assim como Remédios, a Bela, saiu voando. Ele deu asas à América Latina”. “É um autor que quando o leitor termina um livro seu, sabe que sempre vai amá-lo”.

Poniatowska foi acompanhada pelo secretário de Estado de Cultura, José María Lassalle, que disse que a escritora “elevou o jornalismo à categoria das Belas Artes” e sublinhou sua “militância ética”. EFE

crs/tr

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.