Combo de incertezas políticas e fiscais deve gerar mais volatilidade no câmbio e em outros ativos
IPCA-15 divulgado nesta terça veio acima das estimativas; índice reforça aposta de que o Banco Central vai aumentar o ritmo de ajuste da Selic
Inflação no Brasil é um bicho difícil de não temer. Hoje mais um indicador veio acima das estimativas. O IPCA-15 de outubro mostrou variação de 1,20% (a mediana das expectativas estava em 1,0%). Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 10,34%. Nesta leitura, o destaque foi para a alta dos preços administrados (combustíveis e energia elétrica), mas também para os preços dos serviços, que começaram a ficar mais pressionados com a retomada da economia. Ou seja, além de uma inflação de 2 dígitos, já fica impossível dizer que é por causa de situações pontuais. Na minha visão, esse é apenas mais um número para reforçar as apostas de que o Banco Central vai aumentar o ritmo de ajuste da Selic na reunião desta semana.
No mesmo sentido, a taxa de juros voltando para 2 dígitos também já é uma possibilidade clara, o que sem dúvida prejudica a evolução do crescimento econômico, que por sua vez não anda lá essas coisas. Um círculo vicioso sem fim. O interessante ponto dessa história é que, embora a alta dos juros pudesse ter um impacto positivo para o câmbio (mais juros, maior retorno no país, maior atração de capital, taxa de câmbio mais baixa), a sinalização de um quadro inflacionário com baixo crescimento econômico, num ambiente em que o populismo está falando mais alto, é muito ruim para o retrato da instituição Brasil e escancara ainda mais a fragilidade da conjuntura atual. Então o combo incertezas políticas e fiscais, somado ao baixo crescimento, adicionando altas da inflação e dos juros, só podem refletir em mais pressão e mais volatilidade para nossa taxa de câmbio e outros ativos. Não está fácil.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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