Jovem Pan
Publicidade

Infeliz aniversário no Sudão do Sul

Sudão do Sul

Julho é mês de celebrações gloriosas de revoluções e de independências nacionais. Quem não sabe o que é o 4 de julho dos americanos ou o 14 de julho dos franceses? E o 9 de julho? Data histórica e não apenas para os paulistas com a revolução constitucionalista.

Publicidade
Publicidade

O domingo passado deveria ter sido de muita festa no Sudão do Sul, para celebrar o sexto ano de independência d país africano. Em 2011, foi um lampejo de otimismo e de esperança quando no mapa apareceu o país mais novo do mundo. Neste ano, não havia dinheiro para os festejos na capital, Juba.

A independência em 9 de julho de 2011 marcou o fim de combates entre o sul predominantemente cristão e o norte árabe e muçulmano. A criação do Sudão do Sul foi um sucesso da política externa dos EUA, que advogava a independência desde a época do governo Clinton, numa campanha bipartidária, algo raro em Washington. O contraste foi o fracasso do governo Obama para impedir a degringolada da situação.

As mazelas continuaram e a guerra civil explodiu em 2013 para o Sudão do Sul se converter em um dos piores desastres humanitários no mundo. Mais de 50 mil mortes desde então, milhões de refugiados e, de acordo com a ONU, seis milhões dos 11 milhões habitantes do país vivem em estado de fome, não bastasse a epidemia de violência, em uma país que já nasceu com a marca de ser um dos mais miseráveis do planeta.

Os poços de petróleo se tornaram o mais cobiçado prêmio na guerra civil travada conforme divisões tribais. De um lado, os nuers do vice-presidente Riek Marchar. Do outro, os dinkas do presidente Salva Kiir. Ambos estão entre os dirigentes mais corruptos do mundo.

São relatos de ataques selvagens, estupros e recrutamento de crianças para combater, além de roubo de doações humanitárias vindas de todas as partes do mundo. Existe o alerta de que o Sudão do Sul está à beira do genocídio. Nada muito reconfortante no norte, no Sudão, governado por Omar al-Bashir, condenado por genocídio pelo Tribunal Penal Internacional pelo tragédia dantesca em Darfur, em 2003.

De certa forma, nada disso surpreende. O novo país tem sido cenário de luta há décadas, desde o final da era colonial depois da Segunda Guerra Mundial, quando os britânicos e egípcios colocaram o norte no comando e o sul se rebelou. Aquele conflito persistiu até os anos 70. Uma nova guerra civil explodiu no final da década de 80. Agora é a terceira.

Não é preciso ser um especialista para não vislumbrar luz no fim do túnel. Não haverá celebração com fogos de artifício no sétimo aniversário da independência do Sudão do Sul em 2018.

Publicidade
Publicidade