Início do Ramadã muda comportamento social de 1/4 da população mundial

  • Por Agencia EFE
  • 28/06/2014 10h36
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Fátima Zohra Bouziz

Rabat, 28 jun (EFE).- Os muçulmanos, quase um quarto da população mundial, iniciam entre sábado e domingo o Ramadã, mês no qual deixam de comer e beber entre a alvorada e o pôr do sol, mudam seus comportamentos sociais e prodigalizam suas mostras de piedade para se sentir mais perto de Alá.

Durante o período que começa neste final de semana, segundo a observação da lua crescente no céu, se multiplicam os ritos religiosos, a leitura do Corão e os atos de devoção e recolhimento como forma de conseguir a purificação do corpo e da alma.

À parte das cinco orações diárias decretadas no islã que são praticadas durante todo o ano, no Ramadã se acrescentam ritos como o Tarawih (oração especial que é feita antes da meia-noite), além do chamado “tahayud” ou orações voluntárias que se pode realizar no último terço da noite.

As mesquitas mantêm suas portas abertas quase o dia todo e a noite para acolher os fiéis em qualquer momento que desejem, além de organizar diversas conversas religiosas e debates durante todo o mês.

Os jejuadores se abstêm não só de comer e beber durante as horas de luz, mas também de fumar e manter relações sexuais; além disso, devem evitar a mentira e a maledicências.

Muitos muçulmanos não praticantes, que tomam bebidas alcoólicas ou comem porco, veem o Ramadã como um mês de purificação no qual abandonam essas práticas. O ambiente nos países muçulmanos ajuda, porque os lugares onde é possível comprar bebidas alcoólicas fecham todo o mês.

Além disso, os fiéis tentam mudar seu comportamento, multiplicar as ações de bondade e inclusive são notadas mudanças na imagem das mulheres, roupa mais recatada e maquiagem menos chamativa.

Segundo a tradição muçulmana, o Ramadã é um mês especial no qual as portas do Paraíso se mantêm abertas e as do inferno fechadas, assim como os diabos ficam trancados, por isso que muitos fiéis consideram um momento idôneo para que sejam perdoados e seus pecados sejam esquecidos.

O Ramadã é também o mês onde se estreitam os laços sociais: o iftar (ruptura do jejum) é o momento que reúne toda a família ao redor da mesa.

Os muçulmanos aproveitam o mês para fazer visitas a seus parentes e inclusive para resolver diferenças e se reconciliar com algum parente.

Neste mês também há um aumento dos atos de beneficentes, são formadas associações caridosas que repartem todo tipo de ajudas às famílias carentes e são organizados banquetes coletivos nas ruas perto das mesquitas para os jejuadores pobres ou aqueles que estão sós.

Por outro lado, o Ramadã é o mês de consumo por antonomásia, os custos sobre os diferentes produtos alimentícios disparam, as confeitarias aproveitam o momento para oferecer irresistíveis e exclusivas criações salgadas e doces e registram inéditas filas durante todo o mês.

É o período também no qual as mulheres dedicam mais horas à cozinha para preparar grandes quantidades de comidas e delícias específicas deste momento.

E contrariamente ao que aconselham os médicos e nutricionistas, os muçulmanos rompem seus jejuns com comida carregada de calorias e gorduras que terminam com o aumento do peso e problemas digestivos.

E apesar das pessoas doentes ou frágeis e os muito idosos serem exonerados de fazer o Ramadã, muitos desafiam esta autorização e os conselhos de seus médicos e jejuam.

As mudanças afetam também os horários diários de trabalho que se reduzem de oito a seis horas nas diferentes administrações e empresas, embora citar a baixa produtividade do mês é quase tabu porque equivaleria a ressaltar aspectos negativos do mês mais santo. EFE

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