Iraque fecha polêmica prisão de Abu Ghraib perante avanço dos jihadistas

  • Por Agencia EFE
  • 15/04/2014 14h05

Amre Hamid

Bagdá, 15 abr (EFE).- O Ministério da Justiça iraquiana fechou nesta terça-feira a polêmica Prisão Central de Bagdá, conhecida como prisão Abu Ghraid, em um subúrbio da capital, perante os avanços realizados por grupos jihadistas nessa região durante os últimos meses.

Um comunicado do Ministério, publicado em seu site oficial, afirmou que essa decisão ocorre por “razões de segurança”.

“O Ministério tomou essa decisão como parte das medidas de prevenção relacionadas com a segurança das prisões e porque a prisão de Bagdá se encontra em uma zona quente”, explica a nota.

A nota acrescenta que o fechamento “é completo” e que os 2.400 réus que se encontravam no local, vários deles condenados por terrorismo, foram transferidos a outros centros penitenciários nas províncias centrais e setentrionais do Iraque.

Os funcionários e os guardas da prisão, que se encontra a 25 quilômetros do centro de Bagdá, também foram transferidos para trabalhar em outras prisões, acrescenta, embora o Ministério não tenha especificado se este fechamento é definitivo ou temporário.

A Prisão Central de Bagdá se encontra na estrada que une a capital com a cidade de Faluja, 50 quilômetros ao oeste, controlada há três meses por grupos tribais opositores e membros do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

Enquanto isso, a mesma zona de Abu Ghraib é palco de enfrentamentos diários entre os corpos de segurança e os grupos armados desde a explosão da crise da província de Al-Anbar.

O governo iraquiano, formado por partidos que representam a maioria xiita do país, lançou há dois meses uma ofensiva para expulsar os extremistas de Al-Anbar e mantém enfrentamentos com estes grupos nas cidades de Ramadi e Faluja, localizadas nessa zona, que é considerada o bastião dos sunitas.

Os clãs tribais em dita província consideraram que o ataque governamental é dirigido contra eles para acabar com suas reivindicações políticas, como, por exemplo, a de aumentar a participação dos sunitas na gestão política administrativa do país.

Em sua luta contra as forças governamentais, as tribos estão organizadas desde meados de janeiro passado no denominado Conselho Militar Geral, que aglutina todos os rebeldes nas províncias em conflito e coordena seus combates contra as tropas oficiais.

Recentemente, os grupos armados fecharam as portas de uma barragem localizada no rio Eufrates, perto de Faluja, o que causou inundação de grandes superfícies de terra na zona de Abu Ghraib.

A prisão de Abu Ghraib foi tristemente famosa na era do presidente iraquiano Saddam Hussein (1979-2003), que a utilizava para trancar seus opositores políticos.

Além disso, o local foi palco de torturas perpetradas por soldados dos EUA contra detidos iraquianos após a invasão do Iraque em 2003, segundo revelou um ano depois a televisão americana “CBS”, que divulgou fotos de cenas desse maus-tratos.

A prisão foi atacada em várias ocasiões por grupos armados rebeldes, o último deles EIIL, em julho de 2013, quando fugiram 500 reclusos, a maioria condenados por delitos de terrorismo.

Esse ataque também deixou dezenas de mortos e de feridos entre os guardas do centro de detenção.

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