Mediador afirma que libertação de Gross é fruto de “negociações íntimas”

  • Por Agencia EFE
  • 17/12/2014 16h07
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Miami (EUA.), 17 dez (EFE).- A libertação do prestador de serviço Alan Gross foi resultado de “anos de negociações íntimas”, afirmou nesta quarta-feira à Agência Efe o advogado americano de origem cubana James L. Berenthal, que intermediou o processo entre Havana e Washington.

“Nos últimos três anos e meio, o rabino Edie Abadie, líder da congregação sefardita dos Estados Unidos, e eu estivemos falando com o Ministério das Relações Exteriores de Cuba para conseguir a libertação do senhor Gross, que estava em uma situação muito deprimente”, disse Berenthal em entrevista telefônica de Nova York, onde fica seu escritório de advocacia.

Berethal explicou que tentaram negociar com o governo dos EUA, mas o Departamento de Estado os deixou de lado.

“Cuba enviou através de nós várias mensagens que (o Departamento de Estado) não quis receber, mas seguimos na comunidade judaica dos EUA trabalhando com o governo americano para que fosse feita a troca que os cubanos queriam”, indicou.

Em paralelo à libertação de Gross, altos funcionários americanos que falaram sob condição de anonimato, anunciaram também que três dos agentes do grupo “Cinco”, espiões cubanos condenados em 2001 e presos nos EUA, foram também liberados.

“Hoje foi um dia muito feliz para todos nós”, garantiu Berenthal, que explicou que a comunidade judaica nos EUA e a família de Gross o pediram para assumir a tarefa de mediação.

“O rabino e eu saímos, nos reunimos muitas vezes com o chanceler cubano e sua representante, Josefinal Vidal (diretora para a América do Norte do Ministério de Relações Exteriores de Cuba) para tentar resolver os problemas que impediam a libertação de Gross”, disse.

Para o advogado, dois fatores foram chaves para que a libertação finalmente tenha ocorrido. O Departamento de Estado dos EUA teria se cansado de esperar e também não há tanta oposição à aproximação com Cuba em Miami.

No último dia 3 de dezembro, quando completaram cinco anos da detenção e prisão de Gross, a Casa Branca voltou a exigir a libertação do prestador de serviços e reiterou a preocupação com seu estado de saúde.

Berenthal afirmou que a última vez que falou com Gross foi há dois anos, em Cuba, quando o regime castrista permitiu uma visita à prisão onde ele estava, algo considerado como pouco usual.

“O rabino, que também é médico, pôde determinar o estado de saúde. Ele tinha perdido 100 libras (50 quilos), embora não estivesse tão deteriorado como parece estar hoje em dia”, finalizou.

Gross foi preso em dezembro de 2009, quando trabalhava na ilha para a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês).

Quatorze meses depois, ele foi julgado e condenado a 15 anos de prisão, acusado pelo governo cubano de “ações contra a integridade territorial do Estado”.

O governo dos EUA contesta a prisão e afirma que Gross simplesmente proporcionou acesso “sem censura” à internet para uma pequena comunidade religiosa judia na ilha.

O prestador de serviço chegou hoje à base militar de Joint Andrews, no estado de Maryland, nos arredores de Washington, após ser libertado por Cuba após passar cinco anos preso em Havana. EFE

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