Mujica confirma que acolherá 5 presos de Guantánamo como refugiados
Montevidéu, 20 mar (EFE).- O presidente do Uruguai, José Mujica, confirmou nesta quinta-feira que seu país abrigará cinco presos de Guantánamo em qualidade de “refugiados” e por uma questão de “direitos humanos” após um pedido do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
“Não se deve fazer novela, não há nenhum acordo. É um pedido por uma questão de direitos humanos. Há 120 pessoas que estão presas há 13 anos. Não viram um juiz, não viram um promotor, e o presidente dos Estados Unidos quer tirar esse problema das costas. O Senado lhe exige 60 coisas, então pediu a um montão de países se podiam dar refúgio a alguns e eu lhe disse que sim”, explicou Mujica à imprensa.
O presidente uruguaio confirmou assim uma informação divulgada hoje pela revista “Búsqueda” na qual se assinalava que o Uruguai tinha aceitado a proposta dos EUA de acolher temporariamente cinco detentos da prisão americano localizada em Cuba como parte do plano de Obama para fechar este estabelecimento.
Mujica declarou que sua resposta ao pedido dos Estados Unidos foi afirmativa porque ele passou “um montão de anos preso””.
“Vêm como refugiados e o Uruguai lhes dá um lugar se querem trazer a família e tudo o demais”, acrescentou o presidente, que afirmou ainda que se os presos “querem fazer ninho e trabalhar no país, que fiquem no país”.
O presidente americano prometeu fechar Guantánamo após ser eleito presidente em novembro de 2008 e em abril do ano passado, no meio de uma greve de fome dos detentos, assegurou que é “crítico” entender que Guantánamo “não é necessário” para garantir a segurança dos Estados Unidos.
No mês seguinte, Obama suspendeu a moratória para transferir presos de Guantánamo ao Iêmen e pediu ao Congresso para suspender as restrições às demais transferências.
A revista “Búsqueda” ressalta que a intenção dos EUA é “distribuir os detentos em mais de uma dúzia de países de distintas partes do mundo” e que “Mujica decidiu aceitar a proposta após uma série de consultas e de enviar emissários aos Estados Unidos e a Guantánamo”.
Além disso, durante sua última visita a Cuba no final de janeiro, para participar da Cúpula Presidencial da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), “informou a seu par desse país, Raúl Castro, sobre a ideia de Obama e ambos concordaram em apoiá-la”.
Mujica, de 78 anos foi um dos líderes históricos do movimento guerrilheiro Tupamaros e esteve preso 13 anos e em duras condições antes e durante a ditadura que governou o Uruguai entre 1973 e 1985. EFE
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