Museu japonês detalha vivissecções de prisioneiros na Segunda Guerra Mundial

  • Por Agencia EFE
  • 04/04/2015 01h51

Tóquio, 4 abr (EFE).- A faculdade de medicina da Universidade de Kyushu, no sudoeste do Japão, abriu neste sábado ao público seu recém instaurado museu, onde se incluem referências às vivissecções praticadas neste centro em prisioneiros de guerra americanos durante a Segunda Guerra Mundial.

É a primeira vez que a instituição revela documentação destas práticas, das quais se desvinculou durante décadas ao argumentar que suas instalações foram utilizadas sem permissão pelas autoridades militares.

A decisão de exibir o material foi tomada durante uma reunião da direção da faculdade realizada em março, segundo explicaram fontes da própria universidade à agência de notícias “Kyodo”.

Deste modo, o museu exibe o instrumental empregado para dissecar os soldados enquanto ainda estavam vivos ou históricos médicos dos mesmos, além de um painel que descreve o sangrento episódio.

As vivissecções foram realizadas em oito soldados das força aérea americana capturados em maio de 1945 depois que o bombardeiro B-29 que tripulavam foi derrubado.

Desses oito homens foram extirpados órgãos vitais como pulmões ou o fígado enquanto estavam conscientes e, além disso, receberam água marinha diluída nas veias com o objetivo de averiguar se esta podia ser utilizada como substituto de uma solução salina intravenosa convencional.

Apesar das tentativas de esconder o episódio na medida do possível durante décadas, o doutor Toshio Tom, que presenciou os experimentos, decidiu documentá-los em um livro publicado em 1979.

Duas décadas antes, o aplaudido escritor Shusaku Endo se baseou no terrível fato para escrever “O mar e o veneno”, romance que seria levado aos cinemas em 1986.

O caso da Universidade de Fukuoka é o único conhecido de vivissecções acontecido em território japonês durante a Segunda Guerra Mundial.

No entanto, se sabe que foi uma prática habitual da infame unidade 731 de armas bacteriológicas do Exército Imperial japonês estacionada em Manchúria (nordeste da China) entre os anos 1930 e o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. EFE

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